13.9.11

Paços - Sporting: opinião

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- Começo pela ironia do futebol... Este foi o jogo, para o campeonato, em que o Sporting menos se aproximou do golo, mas aquele em que mais marcou. A questão da eficácia, já o tinha escrito, vinha sendo excepcionalmente baixa. Do mesmo modo, desta vez foi mais alta do que é normal. Ou seja, da mesma forma que, conseguindo o ascendente e as oportunidades que conseguiu nos 2 primeiros jogos, o Sporting iria (e irá, se o repetir) inevitavelmente ganhar, se voltar a repetir as dificuldades que sentiu na Mata Real para ser objectivo, dificilmente o fará. Para já, a vitória, mesmo com vários pontos a reflectir, traz uma novidade importante: alguma confiança.

- Relativamente ao jogo, passo primeiro pelos aspectos defensivos. É outra tendência negativa, mas que, ao contrário da eficácia, se vem acentuando com o decorrer da época. Estou a falar da propensão para o desastre. Vejamos bem este jogo... Foi o jogo com maior domínio de posse de bola que qualquer equipa teve na liga, o Paços praticamente não atacou em organização, e pouquíssimas vezes foi capaz de estender no campo, em transição. Ainda assim, conseguiu... 2 golos e 5 ocasiões. Tantas como o Sporting. Entre estas, só 1 não nasce de um "tiro no pé" do Sporting, a finalização de Michel depois de tirar Rodriguez, já depois do 2-0. De resto, para além dos 2 golos, o Paços teve mais 2 ocasiões, sempre por Michel, ambas resultantes de maus alívios de defensores, em situações que poderiam e deveriam ter sido facilmente evitadas.

- Já agora, aproveito o ponto anterior para abordar o Paços: dificilmente o Sporting terá um adversário tão débil no que resta da época. Quem tem Michel na última linha e tanto espaço para o lançar, arrisca-se sempre a marcar, mas, fora o seu avançado e as ofertas do Sporting, o Paços foi inexistente, limitando-se a defender muito baixo e aproveitar a incapacidade do Sporting no último terço. Por exemplo, não é uma expulsão que pode justificar tão rápido descalabro a partir de um resultado de 2-0...

- Voltando ao Sporting, a grande reflexão deste jogo vem, claramente, do que a equipa fez (ou não fez) no último terço. Construir foi fácil, a equipa ligou bem corredores, mas limitou-se a tentar entrar pelas alas e com dinâmicas restritas a 2 jogadores. Não é a primeira vez que escrevo sobre isto, mas o Sporting parece precisar de ser capaz de incluir pelo menos mais um jogador nestas acções, sob pena de estar permanentemente a convergir para cruzamentos largos, fáceis de defender, e sem qualquer ajuste às características dos seus jogadores. Foi isso que se viu repetidamente durante grande parte do jogo, e daí tão pouca produtividade para tanto domínio. Embora não tenha sido o caso, dada a pouca capacidade do Paços em construir fosse o que fosse, a verdade é que estas situações de apenas 2 jogadores na zona da bola são também um problema potencial para o controlo da transição ataque-defesa, em caso de perda, já que há pouca presença na zona da bola. Um exemplo do que pode ganhar o Sporting com a inclusão de pelo menos 1 jogador nestas dinâmicas, vem do lance que deu origem à expulsão, com Rubio a juntar-se a João Pereira e Izmailov. Na primeira parte, nunca aconteceu...

- Não havendo muito mais para tratar, num jogo quase absolutamente monocórdico, parto para algumas características individuais. Sobre Bojinov, dizer que é no corredor central e nas acções perto da área que melhor se sente. Não é, nem rápido, nem forte nos duelos aéreos para ser solução perante o tipo de jogo que lhe foi proporcionado, mas é muito inteligente e bom executante em zona frontal. Um exemplo? O lance em que isola Elias na primeira parte, numa das pouquíssimas vezes em que o Sporting entrou pelo meio. Sobre Elias, referir que, sem surpresa, o Sporting ganha muito com este jogador. É, finalmente, um médio à medida do que o Sporting precisa para aquele sector, seguro em posse, agressivo defensivamente, e com grande capacidade de movimentos verticais. Se Domingos encontrar equilíbrio entre ele e Rinaudo, poderá bem jogar apenas com os 2. Sobre o argentino, é difícil adjectivar sobre a dimensão e o impacto da sua presença (continuo a não perceber como passou 2 jogos no banco!!). Pereirinha esteve bem, não creio que excepcionalmente bem, mas bem, dentro do valor real que tem. Acabou por ser vitima da tal pouca presença no seu corredor, e do estatuto, porque não estava a dar menos do que Capel. Aliás, o espanhol é um problema para Domingos, que deverá encontrar formas de potenciar melhor o seu futebol e evitar tanta tendência para o transporte de bola, sem que isso tenha uma consequência prevista. De resto, não concordo com a dimensão das criticas a Rodriguez nos aspectos defensivos, e parece-me óbvio que o Sporting terá de repensar a sua construção se insistir nesta dupla, porque é muito fraca a sair a jogar. O Paços ignorou isso, mas outros seguramente que não o farão...
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