- O Porto foi realmente mais forte na primeira parte. Teve mais bola e mais domínio territorial, mas, para além do golo de bola parada, apenas por 1 vez conseguiu traduzir esse ascendente em proximidade real com o golo, pelo que a primeira ressalva a fazer em relação aos primeiros 45 minutos, é que, apesar do domínio territorial, nunca houve uma ameaça constante ao controlo defensivo do Benfica.
- Porquê que o Porto foi melhor na primeira parte? A minha opinião centra-se fundamentalmente na diferença de resposta das equipas na primeira fase de construção. Primeiro, o Benfica nunca jogou, e essa será, talvez, a principal parte da resposta. Em construção, o Porto condicionou sempre bem o lado de saída da bola (normalmente a esquerda, com Garay), e a ligação do primeiro passe foi sempre muito difícil, retirando possibilidade de chegar sustentadamente ao último terço, com bola. O recurso às saídas directas para Cardozo, acabaram por ser as melhores soluções para este momento, nesta fase do jogo, mas mesmo essas não tiveram grande sucesso. Depois, e ainda no Benfica, parece-me importante a falta de capacidade da equipa na resposta em transição defesa-ataque. Pareceu-me haver uma exagerada tentativa de verticalizar, o que não permitiu à equipa ter o melhor critério, acabando por não sair da teia territorial montada pelo Porto. Há, aqui, um jogador que poderia ter sido melhor aproveitado, que é Witsel. Teve uma percentagem de sequência em posse que rondou os 90%, o que é extraordinário num jogo destes e para um jogador que actua em zonas interiores. A sua “imunidade” ao pressing poderia ter dado mais critério à posse do Benfica, ajudando a equipa a sair da tal teia territorial em que se viu metida. O belga tem também alguma culpa na sua menor presença, porque não é um jogador que trabalhe especialmente bem a criação de soluções de apoio.
- Relativamente ao Porto, e à sua construção, há também aspectos muito interessantes a explorar. A equipa preferiu sempre o corredor esquerdo para sair. Seria estratégico? É possível. O facto é que era pelo lado esquerdo que existia uma "nuance" a explorar, porque, mesmo com Witsel mais próximo de Javi, o Benfica tinha uma diferença numérica na zona central, uma vez que Aimar pressionava na mesma linha de Cardozo. Ou seja, com a presença de Aimar na primeira linha, Witsel e Javi ficavam com Moutinho, Guarin e Fernando na sua zona. O que sucedeu? Witsel foi o protagonista da aproximação à zona de Fernando, havendo a possibilidade de explorar o espaço que ficava nas suas costas. A verdade, é que apesar do Porto ter saído pelo lado esquerdo, de ter atraído esse movimento do médio belga, nunca conseguiu tirar partido dessa vantagem. Em particular, há que destacar o papel de Álvaro Pereira e a sua baixíssima percentagem de sucesso na ligação em construção (perdeu 22 das 49 tentativas, em organização ofensiva), destacando-se aqui, claro, a tentativa falhada de potenciar Hulk através de ligações mais directas. O camisola 12 revelou-se até bem inspirado, se pensarmos, por exemplo, que das poucas ligações bem feitas que lhe chegaram resultou a melhor ocasião de golo da equipa, posteriormente desperdiçada por Fucile. Nunca saberemos o que sucederia se Hulk tivesse sido solicitado de outra forma, mas sabemos que, assim, Emerson se tornou no elemento defensivamente mais dominador no jogo, ganhando 24 duelos em organização.
- E a segunda parte? Bom, é verdade que houve uma perda de qualidade do Porto, sobretudo, a meu ver, em organização defensiva, onde deixou de condicionar tão bem a saída de bola do Benfica, facilitando depois a sequência após o primeiro passe. Mas, aqui, há também que considerar o impacto emocional do inicio louco, com 2 golos num espaço de tempo muito curto. De todo o modo, tal como o Porto não fora especialmente ameaçador na primeira parte, apesar do domínio territorial, também na segunda o Benfica não o foi, desperdiçando apenas uma oportunidade de golo, num lance que resulta de uma saída rápida, após canto no lado oposto do campo. Conseguiu, sim, dividir o domínio territorial e a posse, mas não muito mais do que isso. Do lado do Porto, e para além da tal oscilação na resposta em organização defensiva, houve também uma perda de lucidez na saída de bola, contribuindo assim também para a maior capacidade do Benfica em dividir o jogo (apesar de não o ter referido, há um mérito óbvio da qualidade do jogo do Benfica).
- Sobre as substituições, de facto, não creio que tenham sido a chave do jogo (do ponto de vista do balanceamento, porque há o evidente impacto do momento de inspiração de Saviola). Do lado do Porto, talvez se justificasse uma saída de Varela mais cedo, mas vejo como normal a opção de Belluschi por Guarin, até porque não a entendo minimamente como uma substituição de risco, ou, como se sabe, que Belluschi ofereça pior resposta defensiva. Para refrescar o trio de meio campo, teria de ser seguramente por Guarin. Do mesmo modo, do lado do Benfica não entendo ter havido grande impacto nas trocas realizadas. Bruno César teve o mérito de oferecer mais soluções de saída ao primeiro passe de construção, coisa que Nolito não faz com qualidade, e se é possível dizer que isso acrescentou alguns problemas de controlo à linha média do Porto, não creio que tenha sido suficiente para ser considerado decisivo. Decisivos, foram, isso sim, os detalhes...
- Finalmente, sobre os pormenores nos lances decisivos. No primeiro golo, o desencontro de estatura entre Maxi e Kléber, numa tentativa que me parece intencional de potenciar esse desequilíbrio na zona defensiva. No segundo golo portista, a minha nota vai para o facto de Emerson não ter saído para deixar Varela em fora de jogo. É um comportamento previsto na zona defensiva encarnada e, parece-me, poderia ter sido fácil conseguir, uma vez que a linha defensiva tinha o controlo visual completo sobre o posicionamento de Varela. Algo que, com alguma probabilidade, Jesus não terá gostado de ver. Finalmente, nos golos do Benfica, por 2 vezes os laterais aparecem demasiado distantes do central mais próximo. Também o Porto costuma dar grande ênfase a este espaço, pelo que se torna menos tolerável o erro num contexto tão decisivo e, em ambos os casos, em situações de vantagem, onde qualquer risco não se justificava. Os jogos grandes são, pelo equilíbrio que normalmente implicam, muito dependentes destes detalhes, e esta não foi uma excepção.
- Relativamente ao Porto, e à sua construção, há também aspectos muito interessantes a explorar. A equipa preferiu sempre o corredor esquerdo para sair. Seria estratégico? É possível. O facto é que era pelo lado esquerdo que existia uma "nuance" a explorar, porque, mesmo com Witsel mais próximo de Javi, o Benfica tinha uma diferença numérica na zona central, uma vez que Aimar pressionava na mesma linha de Cardozo. Ou seja, com a presença de Aimar na primeira linha, Witsel e Javi ficavam com Moutinho, Guarin e Fernando na sua zona. O que sucedeu? Witsel foi o protagonista da aproximação à zona de Fernando, havendo a possibilidade de explorar o espaço que ficava nas suas costas. A verdade, é que apesar do Porto ter saído pelo lado esquerdo, de ter atraído esse movimento do médio belga, nunca conseguiu tirar partido dessa vantagem. Em particular, há que destacar o papel de Álvaro Pereira e a sua baixíssima percentagem de sucesso na ligação em construção (perdeu 22 das 49 tentativas, em organização ofensiva), destacando-se aqui, claro, a tentativa falhada de potenciar Hulk através de ligações mais directas. O camisola 12 revelou-se até bem inspirado, se pensarmos, por exemplo, que das poucas ligações bem feitas que lhe chegaram resultou a melhor ocasião de golo da equipa, posteriormente desperdiçada por Fucile. Nunca saberemos o que sucederia se Hulk tivesse sido solicitado de outra forma, mas sabemos que, assim, Emerson se tornou no elemento defensivamente mais dominador no jogo, ganhando 24 duelos em organização.
- E a segunda parte? Bom, é verdade que houve uma perda de qualidade do Porto, sobretudo, a meu ver, em organização defensiva, onde deixou de condicionar tão bem a saída de bola do Benfica, facilitando depois a sequência após o primeiro passe. Mas, aqui, há também que considerar o impacto emocional do inicio louco, com 2 golos num espaço de tempo muito curto. De todo o modo, tal como o Porto não fora especialmente ameaçador na primeira parte, apesar do domínio territorial, também na segunda o Benfica não o foi, desperdiçando apenas uma oportunidade de golo, num lance que resulta de uma saída rápida, após canto no lado oposto do campo. Conseguiu, sim, dividir o domínio territorial e a posse, mas não muito mais do que isso. Do lado do Porto, e para além da tal oscilação na resposta em organização defensiva, houve também uma perda de lucidez na saída de bola, contribuindo assim também para a maior capacidade do Benfica em dividir o jogo (apesar de não o ter referido, há um mérito óbvio da qualidade do jogo do Benfica).
- Sobre as substituições, de facto, não creio que tenham sido a chave do jogo (do ponto de vista do balanceamento, porque há o evidente impacto do momento de inspiração de Saviola). Do lado do Porto, talvez se justificasse uma saída de Varela mais cedo, mas vejo como normal a opção de Belluschi por Guarin, até porque não a entendo minimamente como uma substituição de risco, ou, como se sabe, que Belluschi ofereça pior resposta defensiva. Para refrescar o trio de meio campo, teria de ser seguramente por Guarin. Do mesmo modo, do lado do Benfica não entendo ter havido grande impacto nas trocas realizadas. Bruno César teve o mérito de oferecer mais soluções de saída ao primeiro passe de construção, coisa que Nolito não faz com qualidade, e se é possível dizer que isso acrescentou alguns problemas de controlo à linha média do Porto, não creio que tenha sido suficiente para ser considerado decisivo. Decisivos, foram, isso sim, os detalhes...
- Finalmente, sobre os pormenores nos lances decisivos. No primeiro golo, o desencontro de estatura entre Maxi e Kléber, numa tentativa que me parece intencional de potenciar esse desequilíbrio na zona defensiva. No segundo golo portista, a minha nota vai para o facto de Emerson não ter saído para deixar Varela em fora de jogo. É um comportamento previsto na zona defensiva encarnada e, parece-me, poderia ter sido fácil conseguir, uma vez que a linha defensiva tinha o controlo visual completo sobre o posicionamento de Varela. Algo que, com alguma probabilidade, Jesus não terá gostado de ver. Finalmente, nos golos do Benfica, por 2 vezes os laterais aparecem demasiado distantes do central mais próximo. Também o Porto costuma dar grande ênfase a este espaço, pelo que se torna menos tolerável o erro num contexto tão decisivo e, em ambos os casos, em situações de vantagem, onde qualquer risco não se justificava. Os jogos grandes são, pelo equilíbrio que normalmente implicam, muito dependentes destes detalhes, e esta não foi uma excepção.