26.11.08

Fenerbahce - Porto: Missão cumprida!

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Estratégia – Jesualdo fez questão de salientar no final do jogo a importância do cumprimento do plano que o Porto tinha para a partida. De facto, diria que esta foi muito mais uma vitória alicerçada no sucesso de uma estratégia que o Porto delineou para este jogo do que, propriamente, pela excelência da exibição. Esta minha afirmação surge essencialmente pelo facto do Porto ter-se mantido sempre mais posicional do que pressionante, sendo no entanto esta postura perfeitamente suficiente para dominar completamente o jogo, tal a tendência errática do futebol turco.
A ideia de Jesualdo passou pela preocupação em retirar espaços ofensivos a uma equipa que se desequilibra muito em posse por adiantar muitas unidades em cada acção ofensiva. Aqui destaque para a missão de Rodriguez que tinha a responsabilidade anormal neste Porto de fazer um acompanhamento individual às subidas do lateral contrário. Foi por esta preocupação defensiva que vimos sempre um Porto não tão alto como é hábito. A segunda parte do plano era aproveitar os erros que os turcos cometessem em posse para lançar as transições. O Fenerbahce, neste aspecto, ajudou e, por isso, a estratégia funcionou.

No final fica uma vitória muito importante que, honestamente, poderia ter sido bem mais expressiva e que acabou, até, por se complicar com o acidente de Kazim Kazim. É verdade... Lucho não jogou!

A diferença – Reforço o que havia dito na primeira jornada. A diferença destas equipas está na organização e trabalho colectivo. É por isso que esta vitória (e qualificação) são sobretudo um feito de Jesualdo. O Porto jogou contra equipas que individualmente não lhe são inferiores e só se conseguiu superiorizar pela diferença que tem a nível de organização colectiva. Repito o que venho dizendo desde o inicio: se o Porto se mantiver fiel às suas ideias e ao seu modelo acabará por confirmar a sua competência ao longo da época.
Sobre o Fenerbahce, verifica-se que o tempo em nada tem feito evoluir a equipa de Aragonês. Muitas vezes fala-se da importância do tempo para se fazer crescer as equipas. É correcto, com o tempo as coisas só tendem a melhorar. O problema é que o tempo só serve para levar as equipas até ao nível de qualidade das suas ideias e quando estas, por principio, têm falhas, não é o tempo que as vai corrigir.

4-4-2?! – Nem de propósito. Tinha falado há dias da dificuldade generalizada que existe em perceber as diversas variantes do modelo de Jesualdo. Pois bem, neste jogo passamos grande parte do jogo a ouvir falar do 4-4-2 e de 4 médios. Com excepção dos tais ajustamentos estratégicos (postura mais baixa e posicional e acompanhamento individual de Rodriguez ao lateral), o Porto apresentou-se na primeira parte naquela que identifiquei como sendo a “variante 1” do 4-3-3 e, na segunda, (até aos 80 minutos) na “variante 3”, com Lisandro a jogar no espaço entre linhas. Faria, na minha perspectiva, até mais sentido falar-se em 5 médios (se entendermos que os extremos são médios) do que que em 4, isto porque Rodriguez jogou sempre na mesma linha de Lisandro.
Já agora, aproveito para comentar outra coisa que se ouviu, não pela primeira vez. A ideia de que uma equipa precisa de jogar com 4 médios para ter sucesso na Europa. É daquelas afirmações absolutistas que são em si mesmo um contra senso num jogo que é, como todos reconhecem, tão relativo. E, para o caso, é tão fácil arranjar contra exemplos...

Cenário repetido – Lembro-me do que aconteceu há 2 anos. O Arsenal veio ao Dragão na última jornada, com as duas equipas já apuradas e com um empate a ser suficiente para que os ingleses garantissem o primeiro lugar. Na altura os “Gunners” tudo fizeram para que se cumprisse um pacto de não agressão e a verdade é que o Porto permitiu que o jogo decorresse num ritmo baixo durante grande parte dos 90 minutos. O resultado foi um nulo e um Chelsea-Porto nos oitavos, previsivelmente condicionando maiores aspirações do Porto em chegar mais longe na prova. Não creio que o Porto de hoje tenha a mesma qualidade e capacidade daquele de 06/07, mas é bom que a memória sirva de exemplo para que não se desvalorize a importância do primeiro lugar e, sobretudo, para que não se permita que os ingleses voltem a levar a melhor com uma eventual tentativa de conduzir o jogo a um ritmo mais baixo e conveniente.

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