Durante esta conturbada fase do futebol portista, Jesualdo experimentou vários figurinos, mexendo sobretudo com jogadores mas também com algumas variantes do sistema que actualmente utiliza, o 4-3-3. Um dos aspectos que me tem espantado é a diversidade de interpretações que são feitas em relação às mexidas feitas por Jesualdo, falando-se em 4-4-2 ou mesmo em 4-1-4-1. A denominação dos sistemas não é o mais relevante desde que, claro, isso não signifique um erro de interpretação com o que está a tentar ser feito pelo treinador.
Pois bem, na minha interpretação, o Porto de Jesualdo, jogo com o Leixões à parte, tem um modelo que está implementado sobre uma estrutura (sempre) em 4-3-3 e que, desde a chegada do treinador ao clube, teve apenas 3 variantes que resultam de pequenos ajustes no comportamento de alguns jogadores da frente.
Variante 1 – Este é o figurino que Jesualdo apresentou nas suas primeiras temporadas e, tendo deixado de ser tão utilizado em 07/08. A grande virtude desta variante era tirar partido da abertura ofensiva que era oferecida em permanência pelo extremo encostado à linha (na altura Quaresma) a quem eram oferecidas muitas situações para poder desequilibrar no 1x1. Do outro lado existia um extremo de características contrastantes (papel invariavelmente interpretado por Lisandro) que oferece maior imprevisibilidade ofensiva pelas suas movimentações de aproximação a um ponta de lança fixo (Postiga, Adriano ou Farias desempenharam este papel). Outro aspecto importante é o papel relativamente simétrico dos médios, com Lucho e Meireles a terem funções idênticas.
Esta época esta variante foi apresentada, por exemplo, na primeira parte do jogo para a Taça em Alvalade com Hulk a servir de 9.
Variante 2 – Esta é a variante que Jesualdo adoptou em 07/08 e aquela que, na minha opinião, melhores resultados apresentou, potenciando em particular 2 jogadores, Lucho e Lisandro (Quaresma foi o jogador que mais perdeu com esta variante). A diferença reside essencialmente na mobilidade que é dada a todos os jogadores da frente. Começando por Lisandro (passa a ser o 9) que abandona frequentemente a sua posição, retirando referências de marcação na zona central contrária para que aí depois apareçam, ou um dos extremos, ou, mais frequentemente, Lucho. Lucho tem também uma função mais livre nesta variante, tendo permissão para procurar espaços livres que surjam pelas deambulações dos 3 da frente. Neste figurino torna-se importante haver maior cultura posicional dos extremos que têm uma missão mais móvel. Por isso assistimos, no ano passado, a uma subida de rendimento de Tarik ou Mariano e a uma quebra de Quaresma, um jogador claramente mais dado à linha. Outra nota importante é o pressing que se torna mais eficaz neste figurino, sobretudo devido à maior influencia que Lisandro tem nessa tarefa.
Variante 3 – Esta é aquela que é apelidada de 4-4-2, falando-se muitas vezes em losango. Parece-me discutível (e pouco relevante a discussão em si) se um dos extremos passa a ser médio ou não, mas acho completamente abusivo falar-se em losango. De resto esta variante é aquela que, desde 06/07, Jesualdo reserva para os grandes jogos, dando uma missão mais defensiva a um dos extremos e libertando o outro de qualquer tarefa defensiva, ao mesmo tempo que liberta também um dos médios interiores para jogar no espaço entre linhas, sem a responsabilidade de bascular defensivamente, compensado pela tal missão mais defensiva do ala. Este ano tem sido Tomas Costa a desempenhar (e bem) o tal papel de extremo mais defensivo, mas no passado também Lucho ou Marek Cech já o fizeram. Quanto ao médio centro mais ofensivo, Lucho é aquele que hoje desempenha normalmente essa função, mas também Anderson já fez esse papel (nomeadamente frente ao Arsenal em 2006).
O objectivo desta variante é, claramente, dar maior consistência ao meio campo ao mesmo tempo que se criam condições para explorar eventuais adiantamentos dos laterais adversários, pela colocação do tal extremo livre de tarefas defensivas.