19.11.08

O desperdício de Rochemback

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Imagino que devo ser das poucas pessoas com a esta opinião mas, para mim, utilizar Rochemback na posição 6 é um desperdício.
Como antecipei, o seu regresso ao Sporting implicava um desafio táctico para Paulo Bento. As suas características obrigariam a um ajuste na habitual dinâmica do meio campo porque, apesar de poder desempenhar qualquer delas, Rochemback não encaixava rigorosamente em nenhuma posição do losango. Não era um mau problema, mas era um problema.
A primeira opção foi aproveitar a ausência de Veloso para criar uma dinâmica interessante entre Moutinho e Rochemback, com este a jogar como interior mas com permutas posicionais com o capitão leonino. A coisa resultou de forma muito interessante, eu diria, mas houve 2 aspectos que impediram a sua continuidade. O primeiro foi o regresso de Veloso, um jogador diferente de Moutinho e com o qual seria difícil manter a mesma dinâmica. O segundo foi o aparecimento das primeiras derrotas (particularmente na Luz) nas quais Rochemback apareceu como principal réu da critica.

Jogar a 6 porquê?
Hoje está generalizada a ideia de que a posição de Rochemback é a 6. Uma ideia que, como tantas outras, foi passando baseada em pressupostos que considero, no minimo, muito discutíveis. Vamos a eles:

Posição base? Rochemback na sua primeira passagem pelo Sporting raramente jogou a 6. No primeiro ano foi interior no losango de Fernando Santos que tinha Custódio como pivot defensivo. Com Peseiro jogava numa posição mais central mas sempre com liberdade criativa tendo, ora Custódio, ora Moutinho como apoio na zona central.
Dificuldades na transição defensiva? – Este é o argumento com que discordo mais. Diz-se que Rochemback tem dificuldades na transição defensiva e a única justificação que vejo para que essa ideia se tenha generalizado é o facto de ser um jogador objectivamente lento. O problema é que a velocidade não é, nem de perto, a condição fundamental para que se seja competente na transição defensiva (sobretudo para um médio). Rochemback tem, para além da capacidade técnica, um excelente sentido posicional e isso faz com que seja um jogador muito lucido a restabelecer equilibrios defensivos, raramente comprometendo o posicionamento colectivo. A lentidão, neste caso, pode ser um handicap para a dinâmica ofensiva mas nunca para a defensiva.

Desperdício
Se, pelo que referi antes, entendo que Rochemback não está limitado à posição 6, por outro lado, parece-me que as suas qualidades ficam desaproveitadas se jogar aí. Isto porque o brasileiro é um jogador extremamente perigoso nas imediações da área contrária, quer pela sua reconhecida capacidade de remate, quer pela capacidade que tem no último passe. Mantê-lo posicional é privar a equipa de uma fonte de desequilibrios.

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