3.11.08

Guimarães - Benfica: Superioridade estratégica

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Estratégias definiram – É certo que o Benfica chegou a uma vantagem provavelmente demasiado elevada para o que se visto no jogo. É certo que as suas oportunidades foram praticamente inexistentes para além dos golos. Mas é certo, também, que, como as equipas abordaram o jogo, o golo do Benfica era um cenário mais do que provável, assim como o seria caso Reyes não tivesse terminado prematuramente a sua prestação no jogo. De facto pode encontrar-se e apontar-se várias razões para explicar a vitória encarnada no Minho, mas eu aponto ao confronto de estratégias, amplamente favorável ao Benfica, a grande razão para o sucedido.
Quando se junta uma equipa disposta a assumir o jogo, mas sem segurança na construção e com desequilíbrio defensivo, a uma outra, concentrada em transformar as recuperações do seu pressing em perigosas transições, o resultado torna-se previsível e, nesse aspecto, este jogo não surpreendeu.

Segurar a vitória – Era um problema apontado ao Benfica nos últimos jogos e em Guimarães a equipa deu uma boa resposta a essa critica, jogando mais de meia parte em inferioridade numérica, mas sem que o resultado se alterasse. Na verdade fico na dúvida se a expulsão não poderá mesmo ter sido benéfica em termos de solidez defensiva (ofensivamente a equipa perdeu claramente). É que com menos uma unidade o Benfica não teve problema em assumir um bloco baixo e denso, contornando o tal problema do espaço entre linhas (na origem do golo do Vitória). Já contra o Porto a equipa havia tido o mesmo problema e apresentado o mesmo resultado. Dá que pensar...
Ainda assim e independentemente deste aspecto, há que realçar a entrega e concentração defensiva dos jogadores assim como, mais uma vez, alguma incapacidade para gerir melhor os tempos de posse de bola – ainda que desta vez a inferioridade numérica seja uma atenuante naturalmente importante.

Guimarães – Francamente não consigo deixar de dar uma grande responsabilidade na derrota ao próprio Vitória. Cajuda apresenta agora um modelo diferente do da época anterior, em 4-4-2, mas que está cheio de lapsos tácticos, bem aproveitados pelo Benfica. Diz-se que o losango retira capacidade de jogar pelas alas. Normalmente é uma afirmação errada, mas, no caso do Vitória, ela aplica-se mesmo. Com 2 avançados pouco móveis (um erro) a equipa fica demasiado dependente dos laterais sobre as alas, e quando a bola entra nestes não há possibilidade de progressão a não ser através de acções individuais, muitas vezes suicidas, ou cruzamentos largos e fáceis de resolver. A equipa torna-se assim muito dependente do corredor central (tal como aconteceu no golo) para atacar. Finalmente, há o problema da transição defensiva. Os 2 laterais abrem em simultâneo e a posse de bola tem poucas referências de saída, estando vulnerável ao erro. Em caso de perda os 2 centrais ficam muito expostos com a agravante de serem limitados a recuperar (como Suazo explorou isso!).

O Vitória vai ter mais tempo para treinar e evoluir sem a Europa (parece que Cajuda, afinal, até reconhece que é benéfico não ter tantos jogos), mas se o fizer dentro destas ideias seguramente sentirá muitas dificuldades e só muito dificilmente terá hipóteses de entrar na luta pela Europa.

Individualidades – Honestamente há alguns aspectos no modelo de jogo do Benfica que me fazem torcer o nariz e que este jogo não foi suficiente para mudar essas ideias. A grande força deste Benfica de Quique, parece-me, está na mais valia que as suas individualides conseguem dar em termos ofensivos. Depois de Reyes noutros jogos, tivemos agora os detalhes decisivos de Suazo e Aimar. O primeiro, perante as dificuldades dos centrais adversários) parecia o Ronaldo (o brasileiro) dos velhos tempos – apesar de no lance do golo ter de se contar com algum azar de Danilo. O segundo foi menos constante, mas teve aquele delicioso passe e ainda algumas jogadas individuais de grande qualidade – foi dele também a jogada que resultou no livre do segundo golo.

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