Muito mau! – Nos jogos particulares, diz-se, o resultado não é importante. É verdade, claro, desde que não se leve 6! Esse é o primeiro e incontornável facto deste jogo. 6-2 é um enorme embaraço, seja contra quem for, onde for. A viagem ao Brasil foi um pesadelo de duas partes distintas e que importa separar para efeitos de análise. A primeira marcada pelas experiências e os equívocos tácticos de Portugal, com erros individuais e, acima de tudo, uma postura muito pouco inteligente da Selecção. A segunda, que é aquela que mais contribuiu para o descalabro e menos para o que se deve tirar do jogo, foi marcada por uma atitude displicente dos jogadores, em ritmo de treino, sem agressividade e concentração na forma como lidaram com a posse de bola brasileira. O Brasil nem precisou de muitas oportunidades porque, simplesmente, cada vez que acelerava, a bola acabava nas redes de Quim. Muito mau!
Equívocos e falta de inteligência – Com a segunda parte a ser mais parecida com um treino de conjunto do que com um jogo em competição, é melhor olhar para o que aconteceu nos primeiros 45 minutos. Aí Queiroz resolveu experimentar um ataque com mais mobilidade, tendo Danny como referência na zona central. O seu maior equivoco residiu, no entanto, na composição do meio campo e na utilização da dupla Maniche-Tiago. Este erro tornou-se mais claro pela forma pouco inteligente como Portugal geriu a partida, assumindo a posse de bola e permitindo que o Brasil actuasse em transição, beneficiando do enorme espaço nas costas do meio campo. As maiores vitimas foram os centrais, obrigados a sair da sua zona demasiadas vezes sem que houvesse, por outro lado, uma compensação a esses deslocamentos. A tudo isto juntaram-se diversos erros de abordagem individual (a começar pelo primeiro golo com Bosingwa e Pepe a oferecerem uma bola proibida a Robinho).
Queiroz – As coisas não estão a ficar nada fáceis para o treinador que, claramente, já não consegue esconder o embaraço e impotência perante o que se vai sucedendo. A verdade é que Portugal entrou numa espiral de maus resultados perigosa e da qual poderá ser muito difícil sair. Francamente parece-me que Queiroz tem de encontrar rapidamente um modelo e um lote de jogadores em quem confia. Se permanecer nesta rotatividade de jogadores e estratégias, com o nível de confiança baixo que existe, muito dificilmente conseguirá inverter a tendência em que Portugal mergulhou. Devo confessar que também começo a ter dificuldade em falar sobre isto, tal o volume de frustrações que vimos experimentando na era-Queiroz (desta vez até num jogo de que não se esperava muito).