27.11.08

Sporting - Barcelona: Loucura e... mais do mesmo

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Bizarro – A primeira coisa que fica desta partida é a sua atipicidade, exacerbada por alguns momentos de improvável loucura no jogo (sobretudo aqueles 8 minutos com 4 golos!). Explicar 7 golos neste jogo só é possível por essa característica invulgar, já que, pelas oportunidades criadas, nem o Barcelona justificava 5 golos, nem o Sporting 2.
Referido o exagero na volumetria do resultado, o que mais importa abordar é a confirmação inequívoca da superioridade do Barcelona e da impotência do Sporting, já perfeitamente claras no jogo de Barcelona. Volto ao mesmo referido nessa partida. Para perceber o sucedido não se pode olhar apenas ao que o Sporting não conseguiu fazer, é preciso ter em conta a invulgar qualidade do Barcelona. Ao contrário do que aconteceu em Barcelona, o Sporting tentou não ficar remetido à sua zona defensiva, tentou pressionar mais alto, mas, mesmo se a agressividade não foi a ideal, mesmo se a posse de bola cometeu mais erros do que o desejável, todas as dificuldades só aconteceram pela enorme capacidade do Barcelona para fazer das zonas de pressão adversárias uma vantagem ofensiva, tal a facilidade com que delas sai, e pela forma como, depois, o pressing catalão conseguia inviabilizar a progressão do Sporting. Aqui, não quero deixar de referir um aspecto na forma de pressionar do Sporting. O facto de não subir a sua última linha defensiva abre espaços entre sectores quando o Sporting se adianta para pressionar. A ocupação de espaços do meio campo leonino é normalmente muito boa e faz com que este não seja um problema de maior contra grande parte das equipas. Contra o Barça, porém, não é possível alongar tanto o campo defensivo e, provavelmente, o melhor mesmo seria definir zonas de pressão mais curtas. Outra nota importante na má exibição do primeiro tempo foi o efeito emocional dos golos. O Sporting “caiu” rapidamente – não foram precisos muitos avisos – e por um erro de abordagem individual, mas a sua confiança caiu claramente a partir daí, tendo muito mais dificuldades em afirmar-se no jogo após o primeiro golo.
Nem tudo foi mau no jogo para o Sporting. A segunda parte trouxe uma novidade táctica, com Djaló a tentar limitar a liberdade ofensiva de Daniel Alves, alargando o losango (poderá ser solução, especialmente para jogos perante adversários mais fechados), e outra na atitude. Guardiola referiu-o e é verdade. Foi notável a forma como o Sporting não desistiu do jogo e continuou a tentar e a pressionar, mesmo com 0-3. Se aquela felicidade de marcar 2 golos não tivesse sido sucedida pelo desastroso alivio de Caneira, é bem possível que o jogo tivesse conhecido um desfecho deveras surpreendente. Fica, apesar de tudo, a fantástica atitude que se manteve, de novo, após o 2-5 e já apenas com 10.

Inevitável – Olhando para as características do Barcelona fico com a ideia de que perante este adversário muito dificilmente o Sporting não passará por enormes dificuldades. O problema não é, só, a qualidade do adversário, mas o seu perfil. O Sporting tenta sempre impor-se pela posse e no caso do Barcelona isso é muito difícil. Isto porque o Barça é invulgarmente forte tecnicamente e não é vulnerável ao pressing e, porque, por outro lado, sobe muito a sua última linha defensiva dificultando muito o primeiro passe em apoio. A solução seria fazer um jogo que tentasse mais (e melhor) a profundidade, tirando partido da defesa alta do Barça e que, por outro lado, fosse mais curto defensivamente. Em nada isto concorre para a ideia de jogo do Sporting e, por isso, tantas dificuldades.
A boa notícia, claro, é que o Barça não pode calhar nos oitavos e o Sporting ficará a desejar encontrar um adversário com que o seu meio campo possa rivalizar do ponto de vista técnico, o que não é dificil.

Erros – Depois da Naval falei aqui da esquizofrenia defensiva do Sporting. Não há maior evidência do que este jogo. O Sporting, apesar das dificuldades em se impor, foi sempre organizado mas acabou por cometer erros primários que levaram à goleada. No primeiro golo, Carriço (não deve ser, naturalmente crucificado), quis ficar com a bola e acabou por trocar um canto por um golo. O segundo golo é marcado na própria baliza por Polga após uma falha de marcação que acaba com um desvio de costas de Gudjohnsen. O terceiro e quarto golos nem vale a pena comentar, enquanto que no quinto, Grimi é quem desvia a bola de Patrício, dando origem ao lance da grande penalidade.
Repito a ideia. A qualidade da organização defensiva permite pensar que o sucesso pode construir-se a partir da consistência defensiva mas, para isso, é preciso corrigir esta tendência para o erro individual.

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