3.11.08

Naval - Porto: Mais crise...

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Confiança – É um problema raro no Porto dos últimos anos e que com Jesualdo apenas se sentiu, ainda que de forma bem mais ligeira, na recta final da época 06/07, mas que no futebol abunda em exemplos. Por razões difíceis de objectivar, é francamente mais difícil conseguir que as coisas saiam como se quer quando se está numa onda negativa, sendo este um fenómeno que encontra sinal oposto quando a vitória é um resultado mais familiar. A palavra chave é confiança e creio que, frente à Naval terá sido o principal factor que explica uma derrota que, naturalmente, teve outros problemas...

Primeira parte – O primeiro e importante ponto (positivo, neste caso) está na recuperação do modelo em que o Porto se sente melhor. No "seu" 4-3-3 o Porto dominou, voltou a ter em Lucho uma referência e a fazer da pressão uma arma (foi em transição e numa jogada que teve Lucho como protagonista que Lisandro desperdiçou a melhor ocasião desse período). Em boa verdade, penso que, com a tal confiança, o rendimento portista dos primeiros 45 minutos, não sendo brilhante, teria sido suficiente para valer a vantagem ao intervalo. Houve, no entanto, alguns aspectos que ficaram aquém do pretendido. A saber: Lucho foi menos interventivo e decisivo do que era desejável (e habitual), os extremos jogaram demasiado presos à linha, não dando a mobilidade desejável, e, finalmente, houve alguns erros de abordagem individual, particularmente dos laterais, que justificaram os únicos (muito escassos) problemas defensivos sentidos pelo Porto nesse período.

Incapacidade para virar – O segundo tempo não começou por correr bem, com a Naval a chegar ao golo num lance feliz mas que conta, mais uma vez, com erros individuais evitáveis. A verdade é que o Porto não teve depois o melhor desempenho na busca do empate e esta incapacidade de reagir às desvantagens é já um hábito do Porto de Jesualdo. Aqui recupero uma ideia já destacada em anos anteriores. Ao mexer na sua estrutura habitual o Porto tenta ganhar mais presença ofensiva mas, notoriamente, a qualidade colectiva ressente-se. Na Figueira, Jesualdo experimentou durante 20 minutos uma estrutura de 3 defesas e um quadrado no meio campo (3-4-3). Ora, se nunca fora utilizada porque é que se havia de esperar que os jogadores dessem uma boa resposta colectiva numa estrutura com que não estão familiarizados?

Problemas e soluções – Começando pelos problemas. Para além da tal confiança, recuperável com vitórias, o Porto tem um claro problema de qualidade individual na interpretação do seu modelo. Guarda redes, laterais, médio defensivo e extremos têm sido um problema evidente que resulta sobretudo de uma incapacidade de comprar ao mercado uma qualidade próxima dos jogadores que foram vendidos. A isto junta-se uma quebra de forma do principal desequilibrador da equipa, Lucho, e um anormal desacerto de Lisandro na finalização. Para além das individualidades há um problema de dinâmica colectiva que tem a ver com a pouca mobilidade dos extremos que precisam de oferecer mais mobilidade à equipa e não permanecerem tão fixos nas linhas – gera previsibilidade.
A única solução que vejo para o Porto é tentar superar estes problemas dentro do modelo em que os jogadores se sentem mais familiarizados. Se o problema é a adaptação de alguns jogadores a certas funções, mudar de modelo seria aumentar o número de jogadores em adaptação, tornando as coisas mais difíceis no curto prazo e incertas no médio prazo. Dentro desta ideia, creio que será importante, numa primeira fase, tentar recuperar o maior número de jogadores possíveis da estrutura do ano passado como forma a aproximar o mais possível o rendimento da equipa com o excelente nível do ano passado. Assim, parece-me que Hélton, Fucile, Tarik, Mariano e até Farias deverão fazer parte da solução imediata de Jesualdo, partindo só depois para uma integração progressiva dos novos – aliás penso que esse devia ter sido o rumo inicialmente escolhido pelo professor.
Ainda assim, e apesar do pessimismo geral, creio que o Porto mantém uma ideia de jogo muito boa e sobretudo adequada ao consumo interno. Se não se desviar dela, estou seguro, permanecerá como um sério candidato ao título, apesar do que pensará nesta altura muita gente...

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