Jogo difícil – Quem olhasse aos resultados e ao momento das duas equipas e lhe juntasse o factor casa leonino, poderia prever alguma facilidade para o Sporting. Para mim, pelo que conheço das duas formações, parecia-me que este jogo poderia ser bastante complicado para o Sporting. Isto porque o Shakhtar é uma equipa muito difícil de controlar defensivamente, pela qualidade dos seus jogadores e pela vocação ofensiva da equipa que coloca muita gente na frente e se sente confortável, tanto a protagonizar um jogo mais envolvente e trabalhado como a recorrer a uma abordagem mais física e directa. Se o Sporting fosse uma equipa forte a tirar partido da profundidade nas transições, talvez pudesse punir mais rapidamente a exposição defensiva ucraniana, assim previa mais sofrimento. Uma nota para este Shakhtar. Tem excelentes jogadores mas peca pela pouca organização e objectividade da sua ideia de jogo. Os 6 pontos que separam as 2 equipas são sobretudo o refexo da maior maturidade e organização da ideia de jogo de Paulo Bento.
Controlo imperfeito – Foi evidente para todos que o controlo que o Sporting pretendia ter no jogo não foi sempre bem conseguido. O Sporting teve períodos em que conseguiu jogar menos do que seria desejável, sendo empurrado para zonas demasiado próximas da baliza de Patrício. Vejo, para explicar esta constatação, uma parte de mérito do Shakhtar e outra de demérito leonino. O mérito do Shakhtar pela tal dificuldade que cria sempre que chega com a bola à sua zona ofensiva. Não é um jogo colectivamente brilhante mas conta com bons jogadores e, sobretudo, coloca muita gente no último terço de campo, tornando-se difícil de controlar. Outro aspecto tem a ver com a pressão. O Shakhtar faz uma pressão alta e agressiva que tem referências sobretudo individuais mas que cria dificuldades à construção adversária. Esta pressão tem outro efeito, o desgaste. Não é por acaso que o Sporting se apresentou melhor nos últimos 20 minutos do jogo, onde foi notória a incapacidade de alguns jogadores laranja em readaptar tão rapidamente o seu posicionamento no jogo. Do lado do Sporting, a principal critica vai para as perdas de bola que, embora potenciadas pela pressão do Shakhtar, contaram também com uma boa dose de precipitação. Este foi um aspecto que já havia sido decisivo na última derrota frente ao Porto e que, tal como nessa partida, se foi dissipando com o tempo.
Ponto de situação – Tinha falado aqui da evidência do crescimento defensivo do jogo do Sporting e da importância deste aspecto no sucesso do modelo de Paulo Bento. Essa ideia, apesar das dificuldades acima referidas, voltou a sentir-se, destacando na defesa do Sporting o excelente jogo posicional (apesar de alguns erros e limitações noutros aspectos) de Caneira, Polga e Grimi. Em 13 jogos oficiais nesta época, o Sporting conseguiu manter as suas redes invioláveis por 9 vezes, o que é notável. Se a equipa conseguir crescer no tal segundo momento ofensivo – tal como referi após o jogo do Rio Ave – tornar-se-á muito difícil de parar, sobretudo, obviamente, a nível interno.