Golo da Académica – Começando pelo mérito da Académica. O ponto mais importante do sucesso da transição, do ponto de vista dos estudantes, é o facto da Académica ter conseguido colocar 4 jogadores em situação ofensiva, forçando a uma situação de 4x4.
É claro, no entanto, que há muito para corrigir da parte do Sporting. Primeiro, uma transição, idealmente, deve ser parada o mais rapidamente possível para dar tempo à equipa de se reorganizar defensivamente. Neste sentido, o ideal é que os jogadores em equilíbrio se coloquem para poder pressionar a referência para a saída em transição. Isso, claramente, não acontece e, ao contrário, o quarteto defensivo (com Pedro Mendes a cobrir o adiantamento de Grimi) afunda-se no campo. O único que parece querer fazer o contrário é João Pereira, mas nem a acção do ex-Braga acaba por ter utilidade. Como se não bastasse, ao chegar às imediações da área, dá-se o erro que abre a clareira por onde entra João Ribeiro. Em vez de manter referência colectivas, Tonel fixa-se no seu marcador e, não só não faz uso do fora de jogo, como abre um buraco na zona central, por onde entra o extremo da
Académica. Em vez de se focalizar a 100% no seu adversário, Tonel deveria ter lido a jogada e mantido a posição, tendo Polga como referência de posicionamento. Este, no entanto, é um mal da defesa leonina que vem repetidamente sendo penalizada por não dominar este recurso. Fica fácil de perceber, tal como referi na altura, que o erro de Grimi no Dragão não se tratou de um lapso individual mas sim de uma falta de preparação colectiva para este tipo de lances.
Oportunidade de Pongolle – O fora de jogo tem sido um dos recursos claramente usados por André Villas Boas desde a sua chegada a Coimbra. Várias vezes lhe tem sido útil, é verdade, mas também é fácil encontrar exemplos de má interpretação do recurso. No caso, Orlando habilita Pongolle desnecessariamente, numa jogada que poderia ter ditado um rumo completamente diferente para o jogo.
Sobre a jogada, e não tendo a ver com a temática, nota para 2 aspectos. Primeiro, o excelente trabalho de Liedson, num jogo em que o 31, mesmo não marcando, esteve em óptimo plano. O segundo tem a ver com a finalização de Pongolle... Ou melhor, com a defesa de Ricardo. É que não há nada de errado com a conclusão do francês, merecendo todo o mérito a grande intervenção do guarda redes.
Oportunidade Naval – Na grande oportunidade da Naval para trazer do Dragão um outro desfecho, encontro um lance em que tenho leitura diferente dos anteriores. Ou seja, a opção do defesa, no caso Rolando, foi a mais correcta. É que, ao contrário de outros lances, Rolando, que tem a leitura total do lance, não pode garantir que colocará o avançado em fora de jogo, já que este se encontra atrás da linha de Bruno Alves. O outro pormenor que faz da opção de Rolando em baixar, uma opção correcta, é o facto do portador da bola não estar a ser pressionado e ter a oportunidade de ler e definir o timing da jogada.
Ainda assim, e apesar da decisão de Rolando me parecer inevitável, a jogada acaba na cara de Hélton. Muito mérito para a Naval, em especial para o passe de Fábio Júnior, mas também alguma dificuldade de Bruno Alves em recuperar mais rapidamente de modo a fechar a linha de passe. Provavelmente, e visto depois, tinha-se justificado a falta de Ruben Micael no inicio da jogada.
Golo do Paços – jogo de grande domínio do Vitória e... derrota. Dois lances definiram o desfecho cruel. O primeiro, um pontapé fantástico, o segundo, uma transição que apanha a defesa em desequilíbrio após uma bola parada ofensiva. A grande curiosidade do lance está na acção de Moreno. Quando a defesa, ainda que algo atabalhoadamente, tentava parar o avanço adversário recorrendo ao fora de jogo, eis que aparece o capitão vimaranense em recuperação. O incrivel da acção de Moreno está na forma como, ao longo da jogada, despreza por completo o posicionamento dos colegas, acabando por ser o responsável pelo posicionamento legal de Maycon na altura do remate.