10.2.10

Sporting - Benfica: Acentuar diferenças...

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Os clássicos, e os dérbies muito particularmente, têm este carácter especial, que os torna importantes, seja qual for o contexto. Assim foi, mais uma vez. A competição podia estar desvalorizada, mas na hora de um Sporting-Benfica, o jogo conta para lá da vitória. Conta ao golo. É por isso que até o pontapé, aparentemente irrelevante, de Cardozo tem afinal um peso significativo na moralização de uns e desencanto de outros. Esse – o aspecto mental – é realmente o que mais importa no balanço de um jogo altamente condicionado por um momento madrugador e que acabou por não ter, também, grande interesse a nível técnico-táctico.

Benfica – golear em piloto automático
Em piloto automático. Foi assim que o Benfica arrancou de Alvalade a sua vitória mais expressiva em clássicos desde há vários anos. Tudo por 2 factores. O primeiro, claro, o minuto que ditou a expulsão de João Pereira e a vantagem no marcador. O segundo, a tal qualidade que a equipa consegue atingir sem grande esforço e que faz dela naturalmente dominadora, seja em jogo corrido, seja de bola parada.

Apesar disto, e dos 4 golos, não se pode dizer que o Benfica tenha feito um grande jogo em Alvalade. Não será seguramente pelo brilhantismo da exibição encarnada que este jogo será lembrado. Começou por tirar partido das circunstâncias que o jogo lhe deu e, ao 0-2, ameaçava o massacre. Depois, estranhamente, tornou-se displicente, chegando, de repente, a ter mesmo a eliminatória em risco. Algo que, face às circunstâncias, teria sido muito difícil de explicar. Ainda assim, porém, o “piloto automático” acabou por ser suficiente com a cabeçada de Luisão a decidir uma vitória que, na recta final, poderia ter tido maior expressão do que aquela que lhe acrescentou o pontapé de Cardozo...

Contas feitas, mais importante do que a final, será a galvanização que a equipa levou de Alvalade. Certamente haverá mais gente frente ao Belenenses e, certamente também, mais energia positiva em torno da equipa. Resta saber que peso terão os tais aspectos de desgaste pela sobrecarga de jogos...

Sporting – O que mais irá acontecer?
Torna-se, de facto, difícil prever que algo de pior possa acontecer ao Sporting. No espaço de 1 semana perde 3 vezes, 2 delas copiosamente e frente aos seus maiores rivais. Mais desanimador será pensar que, desta vez e ao contrário do Dragão, a equipa até nem fez muito por merecer tão expressiva derrota. Carvalhal, no meu entender previsivelmente e bem, mudou para 4-2-3-1 e a equipa tinha entrado bem no jogo, prometendo até ser mais forte do que o Benfica pela atitude que demonstrara. O que condicionou o jogo, no entanto, não foi apenas a expulsão de João Pereira. Foi o facto de ter ficado com 10 e, logo a seguir... a perder.

O que resta do Sporting no jogo pode dividir-se em 3 fases. A primeira de desnorte, ficando sem reacção depois do primeiro golo e parecendo ser incapaz de evitar um longo suplicio de domínio benfiquista. A segunda, de inconformismo e crença, motivada pelo golo de Liedson (incrível a facilidade com que marca em jogos grandes!). O maior elogio que se pode fazer à equipa é constatar que, depois do 1-2, dividiu o jogo perfeitamente, chegando mesmo a estar por cima de um Benfica que, de repente, passou a ter dificuldades em soltar-se de uma equipa com menos 1 unidade. O terceiro golo do Benfica, no entanto, fez voltar o sentimento de impotência e foi assim que que o Sporting encarou o final do jogo. Apenas sofreu mais um golo, mas podiam ter sido mais nesta fase.

Sobre o jogo, como referi, para além dos lances de bola parada e de alguns pormenores não há muito a apontar ao Sporting. A vida de Carvalhal está cada vez mais difícil, parecendo-me mais vitima do que réu neste processo. Essencialmente era muito difícil mudar com qualidade sem tempo para treinar. Nota-se que em vários aspectos a equipa não consegue fazer a ponte de um modelo para o outro. Ao Sporting e Carvalhal não resta outra coisa que não seja jogar e esperar por melhor sorte. Pelo menos até que haja tempo para treinar...



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