22.2.10

Porto - Braga: A fúria do campeão

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Se este era um jogo em que a pressão se vestia de azul, ela demorou apenas 35 minutos a evaporar-se por completo das bancadas do Dragão. De facto, embora fosse previsível maior domínio e iniciativa portista, dificilmente alguém projectaria tamanha diferença no marcador e, mais ainda, tão célere definição do destino dos 3 pontos. Mérito, como tanto se esforçou por vincar Jesualdo, para a frescura de um Porto renovado e que, agora, ganha novo ânimo para um final de época onde, apesar de tudo, a margem de erro continua muito perto do zero. Do outro lado, do bracarense, resta saber qual o efeito desta abrupta descida à terra. Será que se viu no Dragão um momento de viragem?

Diferença... avassaladora
Afinal, o que explica tão radical diferença num jogo supostamente equilibrado? A eficácia é uma resposta tão óbvia como incontornável, mas há naturalmente bem mais para dizer. Se o Braga vinha com a missão de previligiar, sobretudo, o controlo do jogo, fundamentalmente pelo equilíbrio táctico em todos os momentos, bem como por um constrangimento dos espaços, a verdade é que... falhou rotundamente. E falhou porque do outro lado esteve uma equipa que, fazendo lembrar o jogo com o Sporting, esteve avassaladora. Avassaladora na velocidade com que pensou e reagiu a cada momento do jogo, e avassaladora, também, em termos de inspiração. Tudo isto aconteceu muito rápido, sem tempo para uma chuva de oportunidades, mas perfeitamente suficiente para o KO bracarense.

Os destaques de um Porto renovado
Os destaques individuais mais evidentes da partida serão, provavelmente, Varela e Falcao. O primeiro foi o epicentro dos desequilíbrios que definiram o jogo. Em particular, 2 assistências notáveis e plenas de intenção, com o pormenor de terem sido protagonizadas com o pior pé. Algo que, afinal, não é novidade. O segundo, não só pelos golos e pela já mais do que destacada apetência para se movimentar na área, mas também pela utilidade que tem noutros momentos. Em particular, a sua incansável entrega, quer em termos de mobilidade, com bola, quer no trabalho defensivo, sem ela.

Compreender o crescimento do Porto, porém, passa sobretudo por compreender o crescimento da sua inteligência nos movimentos do meio campo. Micael tinha trazido essa qualidade de movimento sem bola, Belluschi vinha acompanhando com um crescimento individual nessa matéria, mas, com Meireles, tudo se faz com muito maior naturalidade e velocidade. É normal destacar-se a inteligência dos jogadores quando em posse da bola, mas eu pergunto: se um jogador passa muito mais tempo sem bola do que com ela, não será mais importante ainda a inteligência sem bola? Para já, o Porto, como colectivo, parece concordar com a ideia...

A impotência do Braga
Domingos quis, muito claramente, controlar. Privilegiou o equilíbrio táctico em todos os momentos e a proximidade das suas linhas para manter o Porto sem espaço. Se esta fórmula já lhe rendeu resultados no passado, desta vez foi completamente insuficiente. Primeiro, em termos defensivos, o facto de defender em 4-4-2, com 3 linhas defensivas, permite-lhe preencher bem toda a largura do campo, mas impede uma boa pressão em profundidade. Domingos, face a isto, abdicou de subir o bloco, mantendo-o próximo e relativamente baixo, na tentativa de encurtar o espaço entre linhas. O problema foi a tal velocidade de pensamento e movimento do meio campo portista que, juntamente com Falcao, fizeram parecer o comportamento táctico do Braga muito pior do que realmente foi.

Depois, com bola, outro problema. Era importante ser capaz de ter bola, e, talvez mais importante ainda, manter o Porto desconfortável na sua retaguarda. Isso nunca foi conseguido, primeiro por alguma incapacidade da equipa em termos de decisão com bola, e, depois, por um excesso de conservadorismo no desdobramento ofensivo. Preocupou-se demasiado com os equilíbrios tácticos e, quando deu por isso, já era tarde de mais.

Ainda assim, e apesar de tudo, não posso deixar de destacar Mossoró. Será um jogador fundamental para o Braga neste final de época e é aquele que maior qualidade dá à equipa em termos de dinâmica ofensiva. Quer pela mobilidade com que actua, quer pela qualidade que empresta em cada participação.



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