17.2.10

Everton - Sporting: Cambaleou... mas não caiu!

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O golo, resgatado já perto do final, não faz do desfecho, um bom resultado. Ainda assim, e isso é claro, deixa tudo em aberto para mais 90 minutos de futebol. Para o caso em questão, no entanto, o 2-1 sabe quase a vitória tal o cenário que chegou a pairar sobre Goodison Park. Terá sido o Sporting assim tão inferior? A resposta não pode ser tão linear. É que se em ¾ do campo se revelou mais do que suficiente para a “encomenda”, lá atrás confirmou ser uma equipa totalmente à deriva. Foi isso que custou o jogo ao Sporting e é isso que coloca grandes reticências sobre a capacidade de suster o Everton no segundo jogo. Para já, e de novo muito graças a Liedson, dá para acreditar...

O elo mais fraco
Abordar o jogo com apenas um avançado como Liedson e 5 médios como os que alinharam, implicava uma postura diferente daquela que é tipica nestes confrontos. Ou seja, seria impossível ser forte na profundidade e o objectivo teria sempre de passar por um domínio da bola. Não se pode dizer que a intenção tenha sido absolutamente conseguida, mas não foi esse o grande problema do Sporting, e aquele que quase deitou tudo a perder. A questão – que é também aquela que faz baixar o patamar de rendimento deste Sporting – tem a ver com a sua fiabilidade no último terço. Ou falta dela. Talvez volte a este aspecto fulcral da “era” Carvalhal com mais pormenor, mas para já basta dizer que o Sporting começa a cair pela rectaguarda e que é essa fragilidade que impede a equipa de, noutros planos, traduzir a boa evolução que foi conseguida. Foi assim, de novo. Repetidamente incapaz de jogar com o fora de jogo e, depois, abanando em tudo o que é bola aérea, o Sporting sofreu os seus golos e mergulhou em novo período de depressão antes de resgatar o tal golo da esperança, quando até já nada o fazia esperar.

As substituições
Tenho abordado bastante este tema nos últimos tempos. Já referi que não concordo com a forma como são vulgarmente encaradas as substituições e que as vejo sobretudo como ferramentas emocionais. Outra opinião que também já reforcei é que se a intenção for mudar tacticamente, penso que o melhor é fazê-lo de uma só vez. Dito isto, tenho de concordar com o que fez Carvalhal. O único reparo, e começo por aqui, é o “timing”. Creio que se justificava a alteração uns bons minutos antes. E por 2 motivos. Primeiro, e talvez mais importante, pelo aspecto emocional. A equipa entrara sem reacção no segundo tempo, atravessando o seu pior período no jogo. Alterar seria uma forma de tentar passar uma mensagem diferente para dentro do campo, como, aliás, acabaria por acontecer. Depois, tacticamente, também não tinha sido preciso esperar pelo minuto 66 para perceber que o Sporting precisava de mais profundidade e presença no último terço. De resto, concordo com a dupla alteração e com o facto de, depois disso, não ter caído na tentação de mudar só por mudar. Se a equipa estava a reagir bem, não havia motivo para alterar e foi isso que Carvalhal, bem, não fez.

Liedson e Saleiro
Começo pelo primeiro. Esteve sempre móvel, incansável na criação de soluções de passe, e bastante bem no de apoio à construção. Sem bola, trabalhou sempre, como poucos. No entanto, praticamente não teve ocasiões, jogando sem par na frente, como já assumiu não gostar. A determinado ponto parecia estar frustrado, reclamando e gesticulando com algumas decisões dos colegas. Podia pensar-se que tinha desistido... não! A verdade é que nunca desiste, está sempre dentro do jogo, pleno de reactividade e intensidade, do primeiro ao último minuto. E isso, mais uma vez, valeu enormidades. Não sei como será no balneário ou no banco de suplentes. Dentro do campo, que é o que realmente interessa, Liedson é um dos melhores exemplos que se pode encontrar no futebol.

Sobre Saleiro, importa reforçar a boa forma como se tem afirmado, jogando muitas vezes longe da zona central, mas fazendo valer, com personalidade, as suas melhores características. Boa movimentação, recepção e passe. O problema é o resto, e sem o resto nunca Saleiro se afirmará ao nível que seguramente pretende. Um pormenor que já ficara claro é a incapacidade de ser solução na profundidade, sobretudo devido à sua falta de aceleração e velocidade. Em Goodison Park, no entanto, foi outro aspecto que veio ao de cima. Um avançado, que quer jogar em zonas de finalização, tem de se saber movimentar por antecipação. É isso que define os grandes jogadores de área, muito mais do que a capacidade física ou mesmo o primor de execução. Não é nada abonatório para um 9 perder lances – mais do que um, por sinal – em que, tendo a posição ganha, vê os defensores a antecipar, eles próprios, o destino das jogadas.



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