5.2.10

Pormenores tácticos do Dragão e Luz

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Antes do fim de semana, ficam mais 4 revisões de alguns golos que marcaram os últimos dias. No centro das atenções, claro, a derrocada leonina aos pés do Dragão. Mas também um olhar sobre o notável golo que abriu a vitória encarnada Quarta Feira, na Luz. Vamos a eles...

2-1, Dragão – Uma nota introdutória: nos momentos que antecederam este golo, Carvalhal havia pedido que Moutinho se aproximasse de Adrien, formando algo mais próximo de um 4-4-2 clássico. A linha de médios é, aliás, bem visível a certo momento da jogada e não terá ajudado em nada a ultrapassar o grande problema do Sporting no jogo: a distância entre jogadores e sectores. Neste particular, o espaço entre a defesa e o meio campo foi muito importante para os desequilíbrios que o Porto conseguiu criar. Tornou mais difícil o controlo dos movimentos dos médios portistas e, talvez mais importante ainda, o repetitivo “baixar” de Falcao. Aliás, o colombiano vem sendo de tal forma uma peça central na dinâmica portista que só se espanta não ter havido maior preparação para o neutralizar. Permitir que o jogador receba e rode naquela posição era absolutamente proíbitivo.
Duas notas sobre a movimentação portista, que tem imenso mérito, e que se repetem na jogada seguinte. A dificuldade criada pela rotação da bola da direita para esquerda, contando com o aparecimento de Álvaro Pereira e, por outro lado, o movimento vertical dos médios a ser fundamental para perturbar a zona central da defesa leonina.

3-1, Dragão – Repetem-se várias circunstâncias. A bola roda da direita para a esquerda, os médios protagonizam movimentos verticais e o Sporting mantém demasiado espaço entre jogadores e sectores para ter um controlo eficaz da sua zona defensiva. Isto, numa fase em que já Adrien havia saído e em que o meio campo havia voltado ao losango. Fundamental, apesar de discreto, o movimento de Alvaro Pereira. É ele que mantém João Pereira distante do central, abrindo o espaço por onde entra o perspicaz Ruben Micael. Outra nota sobre o trabalho do madeirense tem a ver com a rapidez com que recebe e cruza, não dando tempo para que haja uma adaptação defensiva no centro.
Finalmente, nota para o que acontece no centro da área. Houve uma responsabilização de Grimi que julgo não ser justa. O que existe é, isso sim, um movimento desestabilizador de Varela e um grande mérito de Falcao. Isto porque Grimi começa por posicionar-se correctamente, aproximando-se de Carriço e encurtando o espaço para Falcao. O que sucede é que Carriço, pelo aparecimento de Varela, abre repentinamente esse espaço e o lateral não tem tempo de o corrigir. Ainda assim, consegue pressionar Falcao que dá, mais uma vez, um sinal de toda a sua capacidade aérea.

4-1, Dragão – De novo sobre Grimi. Claramente é o responsável principal pelo lance, mesmo não tendo havido a pressão devida sobre Mariano. Primeiro, baixa colocando Varela em jogo e, depois, não se coloca correctamente, de forma a tirar partido do apoio de Carriço. Ainda assim, e apenas sobre o fora de jogo, nota para o facto do erro de Grimi vir, no meu entender, de um ainda mau entendimento geral da defesa desta situação. Veja-se, por exemplo, o comportamento de Carriço. Numa situação em que tem um enorme espaço nas costas e em que o posicionamento de Tonel é mais alto do que o seu, só poderia, se tivesse a rotina correcta do movimento, subido para a mesma linha de Tonel. O mesmo dizer de Grimi, que tem a óbvia agravante de baixar em relação ao próprio Carriço. Ou seja, o que está patente neste lance, e que já vinha sendo claro, é uma incapacidade da defesa em interpretar correctamente e as rotinas deste tipo de recurso. Algo que se percebe pelo longo tempo em que a equipa, pelos seus princípios, a ignorava...

1-0, Luz – Não figurará entre os melhores golos do ano. Mas provavelmente devia. Reparar na movimentação de Saviola e Aimar é suficiente para perceber o porquê de grande parte do lance. Tem, de facto, a ver com a qualidade de movimentos desta dupla que tantas vezes tenho elogiado. E este aspecto, o da movimentação, é o porquê dessa insistência. Mas quero também alertar para outro pormenor na jogada. O cruzamento de Saviola e o movimento de Cardozo. O paraguaio inverte o seu movimento inicial para ir para o segundo poste e é para ali que a bola, finalmente, vai. A razão não tem a ver com improvisações geniais, mas, antes sim, com trabalho meticuloso. O segundo poste é o lugar de Cardozo, é para lá que ele deve ir, e é para lá que a bola tem de ser cruzada. É assim que é treinado e é por isso que vezes sem conta vemos já vimos este “filme”.


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