12.1.10

Martins e Aimar: Distinção táctica do 10

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Ver o Benfica com Aimar ou Carlos Martins é forçosamente diferente. Mesmo que não se perceba bem o que é, sente-se que há algo que não está bem. Ou, pelo menos, não tão bem. Pode até estranhar-se porque, entre o argentino e o português, tecnicamente, a diferença não é assim tanta. Talvez se possa resumir até a uma mera questão de estilo. Mas, então, porquê a diferença? A explicação está, na minha opinião, na verdadeira exigência da posição 10 e, claro, na capacidade de um e outro em cada um dos 4 momentos de jogo. É que se ambos são fortes quando a bola lhes chega aos pés, a diferença é abissal antes e depois de tal acontecer. Uma distinção táctica, portanto.

Faz sentido que seja assim tão relevante a questão táctica para o desempenho do 10. Talvez não seja isso que paira na ideia da generalidade dos adeptos, habituados a associar a posição essencialmente aos dotes técnicos, mas utilidade do 10, em particular no actual modelo encarnado, é bem mais abrangente. Para mim, mesmo, a mais exigente e diferenciadora do ponto de vista táctico. O facto de estar no corredor central exige que esteja próxima da bola em praticamente todos os momentos, quer seja o Benfica ou o adversário a ter a bola, e isso força-me a considerar que, em vez de 10, talvez se deve-se designar a função de “pivot ofensivo”. Apenas um capricho de nomenclatura, sem importância prática, portanto. Mas faz mais sentido.

A diferença entre os 2 está precisamente aqui. Aimar é um 10 e “pivot” do jogo da equipa, em todos os momentos tácticos do jogo. Martins é um 10 porque joga ali, mas raramente consegue ser realmente um “pivot”. Para se perceber melhor o que quero dizer, convido a reparar nos movimentos de um e de outro, quando a bola não está lá, e a constatar a diferença com que ambos antecipam o destino das jogadas. No pressing alto e lateral, nas segundas bolas, na posse lateral, no momento da perda, da recuperação da bola, enfim... em tudo.

Para já, e por tudo isto, esta pode ser uma grande ameaça para o Benfica quando chegar a fase das decisões. Há 2 jogadores que, pela qualidade técnica e inteligência táctica me parecem fazer catapultar a qualidade de jogo encarnado. Sem surpresa, Aimar e Saviola. Se o “Conejo” raramente falha com a sua presença, já “El Mago” tem um historial comprometedor, particularmente agudizado nos últimos meses, onde o Benfica, sem ele, mesmo vencendo, perdeu a chama de outros jogos. Talvez não tivesse sido má ideia, num defeso de alternativas, ter pensado melhor a situação do 10. Até porque Martins será, na minha visão, melhor solução para as alas, onde a exigência táctica é mais ajustada ao seu perfil.

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