12.2.10

Formação: um erro que urge corrigir

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Imaginemos uma gravidez, prestes a dar à luz na noite de fim de ano, no limiar da meia noite. Certamente que as probabilidades de estarmos a assistir ao nascimento de um futuro ‘craque’ são muito remotas. Por estranho que pareça, no entanto, poder-se-ão jogar, naquele momento, uma boa parte das hipóteses de que tal aconteça. É o que nos dizem os números. Entre os júniores dos 3 “grandes” apenas 2 jogadores nasceram em Dezembro. Em Janeiro? 15! Na verdade, nem é preciso confrontar as extremidades: entre primeiro e segundo semestres, tal como revela a figura, há uma diferença de quase 50% de representatividade.

Estou certo, pela clareza dos números, que isto não é ignorado por quem se dedica à formação, mas... o problema permanece por resolver...


Comecemos por ir a outros números, mas simpáticos, por sinal. Entre os jogadores que estiveram presentes no último Euro 2008 e Euro 2009 de sub21, há cerca de 10% mais jogadores nascidos no primeiro semestre do ano. Ou seja, o caso não é uma exclusividade nacional, ainda que se pareça atenuar em idades mais avançadas. Compreende-se, se entrarmos naquelas que serão as razões do problema.

A génese de tudo isto está, precisamente, na origem da formação. Com os mais novos. Quando chegam às ‘escolinhas’, em idades muito jovens, são divididos por escalões etários, antes de serem escolhidos na base do seu rendimento. Ora, com 6-7 anos, alguns meses podem ser importantes no desenvolvimento físico e mesmo técnico. Não se manifestará em todos os casos, claro, mas no balanço geral é óbvio que acabará por fazer a diferença. O que se dá a seguir é o efeito vulgarmente conhecido por “bola de neve”. Ou seja, os mais velhos, que são mais facilmente escolhidos, passam a ter mais oportunidades de jogar, a ser mais incentivados e, por consequência, a ter mais condições para evoluir. Quando chegam aos júniores as diferenças podem não ser tão grandes entre quem nasceu no inicio e final do ano, mas o desenvolvimento dos primeiros foi naturalmente maior.

Na prática, o que está a acontecer é uma selecção equivocada nas idades mais jovens que acaba por tornar a vida mais difícil a quem nasceu nos últimos meses do ano e, potencialmente, a impedir alguns talentos de terem a oportunidade que precisam para evoluir.

Este é um tema que vem sendo, há já algum tempo, discutido noutros âmbitos e que resolvi adaptar ao caso do futebol português. Desconheço se alguma medida já foi tomada para conseguir um melhor e mais equilibrado aproveitamento dos talentos existentes. Se não foi, e tudo indica que não, é bom que comecem a pensar nisso...



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