25.2.10

Inter - Chelsea: Da vitória à... frustração de Mourinho

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O favoritismo do Chelsea era, à partida, incontornável. Ainda assim, por ver nos actuais “Blues” uma equipa algo sobrevalorizada em termos colectivos, sempre me pareceu possível um golpe de asa de Mourinho. O Inter pode ter confirmado este prognóstico pelo resultado, mas saio, ainda assim, menos crente na passagem dos italianos depois da primeira mão. Mesmo considerando que o poder mental das equipas de Mourinho torna a eficácia em tudo menos um acaso, parece-me extremamente feliz o resultado dos ‘nerazzurri’ e fica-me também a dúvida sobre a sua capacidade para sustentar o conseguido, em Stamford Bridge.

O que dirá Mourinho aos seus botões?
Quem viu as primeiras equipas de Mourinho, quem leu ou ouviu o que então defendeu, ou mesmo quem acompanhou o processo de intenções deste Inter no inicio de época, só pode estranhar ao que hoje assiste. A intenção de pressionar alto já não existe e a posse de bola não parece mais fazer parte do plano. Hoje, perante os grandes jogos, o Inter sucumbiu ao recurso de se afundar no campo, de remeter a sua recuperação para zonas baixas e de jogar tudo na profundidade em transição. É neste registo que deposita as suas esperanças de chegar longe na Champions e bater o pé aos favoritos. Porquê? A resposta não pode ser mais frustrante: porque depois de ter tentado outra via, percebeu não conseguir e procura agora um outro refúgio. Mourinho, publicamente, afirma que este é o “seu” Inter, mas ao mesmo tempo que as suas entre linhas deixam antever a ânsia por um fim de ciclo, eu pergunto-me se, aos seus botões, não confessará antes a sua frustração.

As coordenadas para Stamford Bridge
E agora, o que esperar da segunda mão? Mourinho saberá melhor do que ninguém a dura batalha que tem pela frente. É muito difícil sobreviver em Stamford Bridge. O ambiente ajuda a motivar uma equipa que, não só tem confiança e qualidade, como ainda conta com um capital de experiência acumulada que a torna também forte perante a pressão. Para o Inter será importante – senão vital – andar próximo da baliza contrária. Que é como quem diz, conseguir dar sequência e objectividade às suas transições. De resto, não haverá muitas dúvidas sobre o que se vai ver. Um domínio estrategicamente consentido pelo Inter, dificultando toda e qualquer tentativa de penetração através de um bloco baixo e denso, na expectativa de, a qualquer momento, ver Milito ou Eto’, em transição, a fazer um aproveitamento eficaz da exposição espacial. Da parte do Chelsea, a importância do poder de Drogba no jogo interior e a relevância da inspiração dos atiradores de meia distância. Afinal, o cenário será diferente, mas muito deste filme já se viu em San Siro...

Individualidades: De Lucio a... Balotelli
Antes de passar ao capítulo individual, uma nota para sublinhar a opinião de que, se Mourinho tem encontrado dificuldades em se aproximar das suas intenções iniciais, muito se deve a uma ineficiente abordagem do mercado. Algo que, aliás, se arrasta praticamente desde a sua primeira época em Inglaterra. Ainda assim, há casos de sucesso recentes e que merecem referência positiva.

Começando pelo melhor em campo, Lucio. É ágil, rápido, tem uma grande atitude e capacidade técnica. Lúcio pode ter os seus deslizes, que os tem, mas é um dos melhores do mundo, na minha opinião. A sua exibição, aliás, não está ao alcance de muitos. Difícil é perceber como o Bayern o libertou...

Eto’o, a grande atracção do Verão, não deixou de ser um grande jogador, mas, para além de passar por uma espécie de ressaca da CAN, é também um dos que sente mais o recuo da equipa em campo. Não que deixe de ser fortíssimo também em transição, mas Eto’o habituou-se a um jogo centrado na posse, e é nesse registo que se torna mais forte, seja pela intensidade com que pressiona, seja pela mobilidade que gosta de interpretar. Hoje, parece frustrado por ter de passar tanto tempo impotente no jogo.

Ao lado do camaronês, e em sentido oposto, Milito. Não é tão forte como Eto’o, nem a pressionar, nem a trabalhar como apoio à circulação, mas... que capacidade tem na profundidade! É um jogador que, embora diferente em vários aspectos, me faz lembrar Inzaghi. Um terror para os defesas, com as suas diagonais permanentes. Talvez o melhor do mundo nesta altura e neste particular. Para já, arrastou Terry para dentro da área, alongou a defesa e “ganhou” um golo. Em Stamford Bridge, grande parte das esperanças de Mourinho estão nas suas roturas.

Finalmente, Balotelli. É um prodígio e não é preciso ter-se olho de lince para o perceber. Entrou bem em vários aspectos e a equipa subiu com a alteração. Mas, ao mesmo tempo que consegue desequilibrar com uma facilidade admirável, é escandalosamente displicente para com um jogo que, claramente, não compreende. Não pressionar um adversário que vem a passo na sua zona e amuar em acções ofensivas só porque não têm o destino por si pretendido são exemplos de atitudes que, por si só, justificam fortes tomadas de posição. Pode ter o talento que tiver, mas, se não mudar, nunca chegará sequer perto do seu real potencial...



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