19.2.10

Hertha - Benfica: Valeu o resultado, mas ficou o susto

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Se a expectativa de um jogo fácil, contra uma equipa fraca, era exagerada, ela provou-se completamente falaciosa. Na verdade, o Benfica trouxe de Berlim um bom resultado, que, não deixando de ser merecido, foi, no entanto, bem mais sofrido do que as antevisões sugeriam. Aliás, o que resulta, para além da factualidade do desfecho, é um sinal de alerta para a segunda mão. O que se viu em Berlim justifica cautelas acrescidas para o planeamento do próximo jogo, porque, se o Hertha parte com imensas desvantagens, elas não serão assim tantas que permitam ao Benfica confiar num “piloto automático”.

Congelar depois de marcar
Marcar cedo provou-se uma bênção. De facto, o golo de Di Maria fez o Benfica tirar partido da sua melhor fase no jogo e fica por saber o que aconteceria se tal não tivesse sucedido. É que, alguns minutos depois do 0-1, o Hertha apoderou-se do jogo, chegou ao empate e ameaçou mesmo passar para a frente. Valeu, depois, a dupla alteração de Jesus, porque, no meio de tanto frio, os alemães pareciam estar demasiado quentes para o Benfica.

No que ao Benfica diz respeito, o grande problema, que conduziu à perda do domínio das operações, esteve no meio campo. Enquanto o Hertha – e isto repetiu-se nos minutos iniciais – tentou organizar, saindo em posse, o Benfica tirou vantagem. Isto porque a previsibilidade dava-lhe tempo para se posicionar e, em bloco, pressionar. Quando o Hertha passou a iniciar longo e dar maior importância às segundas bolas para o inicio das jogadas, os alemães passaram a levar vantagem, valendo ao Benfica o notável jogo posicional da sua linha mais recuada para manter, ainda assim, a bola longe da baliza de Julio César. Tudo isto porque, no meio, houve, para além do mérito do Hertha em termos de posse, uma grande diferença de reactividade e agressividade entre as 2 equipas. Como já abordei no passado, não é coincidência verificar quem era o 10...

A importância das substituições
De novo importante este capítulo, de novo bem o treinador. Quando a equipa está em dificuldades é que se deve mexer e não o contrário. Foi isso que fez Jesus, ainda que talvez com alguns minutos de atraso. A mudança permitiu mudar peças contraproducentes e, por outro lado, mexer com o lado mental da equipa e do jogo. Muito importante e um alívio para o que se estava a verificar naquele inicio de segunda parte...

Martins e Ramires, dois casos a reflectir
Este jogo não poderia ser mais claro sobre Martins. Fantástico passe, com o pé esquerdo, na origem do golo. Aimar faria aquele passe com o pior pé? Duvido sequer que o tentasse. Depois, no entanto, quando o jogo ganhou velocidade no meio, quando era preciso agir e reagir primeiro, Martins viu o jogo passar-lhe à frente dos olhos e o Benfica sentiu bem essa sua incapacidade, até na diferença que trouxe Aimar.

Sobre Ramires também já venho falando desde há muito. Antes da sua chegada. Um jogador sobrevalorizado em muitos aspectos – já o era no Cruzeiro – mas fortíssimo em termos de transição e reacção. É por isso que o jogo de Berlim deve merecer reflexão. Tinha tudo para ser o jogo de Ramires, entregue à luta pela posse de bola e, depois, explodindo em transição. Não foi, não se conseguiu impor num jogo que tinha tudo para ser seu e isso deve fazer reflectir quem comanda o processo. Talvez, numa altura em que tanto se planeia recuperar e descansar, fosse melhor olhar para Ramires como um caso a precisar de especial atenção. Porque em condições normais, e num jogo destes, vale bem mais do que o que se viu...

Hertha, uma desvalorização sintomática
É curioso ver a forma como uma equipa da Bundesliga é amplamente desvalorizada pela comunicação social portuguesa. Fala-se do Hertha, e isto não é num sitio ou dois, como se de uma equipa sem qualquer nível se tratasse. Ora, isto vindo de quem regularmente aborda elogiosamente os níveis qualitativos de certos emblemas internos, é no mínimo sintomático... Sintomático de uma enorme falta de noção sobre os reais níveis qualitativos das equipas e, sobretudo, do actual estado do futebol português em comparação com algumas ligas europeias. Os níveis colectivos são outro assunto, mas a nível individual, quantas equipas acham que em Portugal se podem equiparar ao Hertha?!

De todo o modo, e se sempre houve qualidade individual bem superior ao valor que lhe era atribuído, é inegável que em termos colectivos, o Hertha se apresentou muito melhor do que nas anteriores amostras, frente ao Sporting. Sobretudo em 2 aspectos. Primeiro na atitude dos seus jogadores, muito mais reactivos e agressivos. Depois, no jogo apoiado que revelaram, sobretudo sobre a sua ala esquerda. Várias jogadas ao primeiro e segundo toque, com triangulações rápidas e mudanças de flanco. Não foi fácil para o pressing do Benfica nessa zona e o Hertha tem muito mérito nisso. Fica-me, no entanto, a dúvida sobre se terão a mesma disponibilidade mental no segundo jogo...

Calendário e Marselha
Primeiro um referência para o calendário. O Benfica é melhor equipa, vive um momento mais forte e leva agora também um resultado favorável para sua casa. Como se isto já não fosse suficiente, ainda há o calendário. Fantástico para o Benfica jogar na Terça, uma vantagem enorme. Para lá de não jogar a meio dos dois jogos, ainda vê o adversário realizar o terceiro jogo em... 5 dias!
Entretanto, tendo o Benfica a eliminatória bem encaminhada, o seu potencial adversário está praticamente definido. O Marselha. Uma grande e entusiasmante eliminatória em perspectiva...



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