11.2.10

Porto - Académica: E, ainda assim... deu Porto

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- Pode não ser simpático dizê-lo, mas definiu-se a final que mais convinha, tanto à competição, como ao próprio contexto do futebol português. Consequências da natureza de um futebol tripartido. Um Benfica-Porto atrairá um interesse enormemente superior ao de um Benfica-Académica. O país parará para ver a final da competição que aprendeu a desprezar, os vencedores não deixarão de exultar o triunfo e os perdedores refugiar-se-ão na desvalorização do troféu. Tão certo como isto é que o despique se jogará no campo e não num qualquer túnel, painel televisivo ou página de jornal. E isso, pelo menos para mim, é uma boa notícia.

- A Académica caiu impotente. mas bem de pé. Já me fartei de elogiar o trabalho de André Villas Boas, mas não custa voltar a sublinhar alguns predicados que foram repetidos no relvado do Dragão. Excelente ocupação dos espaços, proximidade entre sectores e jogadores, boa definição de zonas de pressão, esclarecimento do que fazer quando em posse de bola, circulação rápida, procurando, ora variar o flanco, ora progredir com base em sucessivos triângulos de apoio, e bom desdobramento numérico em transição. Uma boa métrica para se aferir a qualidade táctica de uma equipa é verificar a frequência com que se encontram situações sem apoio de outros jogadores, quer ofensivamente, quer defensivamente. Como é óbvio, quanto menos, melhor. Na Académica situações destas são uma raridade. Villas Boas confirmou o primeiro indicio e está mais do que pronto...

- Em termos tácticos, o 4-1-3-2 improvisado não poderia resultar em nada de bom. Sobretudo com Mariano na frente. A Académica não dominou mas teve óptimas condições para causar dissabores. Aliás, teve-as também na segunda parte, antes da entrada de Rubén Micael. Ainda assim, o Porto não realizou um mau jogo, considerando todos as condicionantes. Nota para a boa ponta final, beneficiando da introdução de elementos mais rotinados com o modelo e, também, com maior qualidade individual.

- Individualmente, algumas notas que me parecem importantes. Nuno André Coelho continua a confirmar o que me pareceu na pré época. Espero que a pouca competição não lhe prejudique a evolução, porque tem tanto ou mais potencial do que qualquer outro central do plantel. Tomás Costa ainda não tem a adaptação completa ao lugar, mas, tal como Fernando fez esquecer Paulo Assunção, também ele faria esquecer Fernando se tal fosse necessário. Algo que tem a ver com a pouca exigência técnica da função, a que já várias vezes me referi. Álvaro Pereira está em nítido ascendente. Pode ser apenas um bom momento, mas a mim parece-me mais que se trata do terminar de um período de adptação. Repito a ideia sobre Orlando Sá: o mais provável é estar-se a formar mais uma "adolescência" traumática a um 9 no futebol português. Em vez de emprestar Diogo Viana ao Venlo, provavelmente seria mais útil ser Orlando a crescer num ambiente onde a relação com o golo é encarada de uma forma bem mais natural.


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