13.7.10

O negócio Moutinho (Parte II)

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Feita a minha leitura do desenrolar do negócio, resta aquilo que será mais importante: as consequências do mesmo. Já se percebeu, pelo que escrevi anteriormente, que não tenho dúvidas que o Porto terá dado um excelente golpe de mercado. Mesmo tendo em conta os custos envolvidos. Ainda assim, e tentarei explicar porquê, nem tudo são rosas na “operação-Moutinho” para o lado portista.

Porto: Moutinho, um golpe duplo
Pinto da Costa já havia expresso a sua admiração pelas qualidades de Moutinho. De facto, o que me parece bizarro é que alguém consiga desvalorizar a qualidade de um jogador que faz tantos minutos, tantos jogos e sempre com uma qualidade tão constante como consegue Moutinho. Não é raro apenas em Portugal. É raro no mundo.

Moutinho é um jogador para todos os momentos do jogo. Forte em organização e forte em transição. Defensivamente e ofensivamente. A única critica que se pode fazer a Moutinho é no capítulo do desequilíbrio. Não é um jogador capaz de provocar roturas constantes, ou de ganhar jogos sozinho. Esse é o patamar que lhe falta para ser um dos melhores médios do futebol mundial. Muitos dirão que sempre foi assim e que nunca conseguirá ultrapassar essa lacuna. Mas Moutinho tem apenas 23 anos e a jogar com a frequência com que joga, parece-me, tem boas possibilidades de evoluir também nesse capítulo, tenha vontade e orientação para tal.

Tudo somado, o Porto garante um dos jogadores mais fiáveis que pode haver, garante-o com 10 anos de futebol pela frente, e a possibilidade, também, de o fazer evoluir para patamares ainda mais altos. A tudo isto, há ainda que somar o efeito de enfraquecimento de um adversário directo, algo que não seria possível se o reforço viesse de fora. É por tudo isto que a “operação Moutinho”, para o Porto, terá sido um excelente negócio, mesmo se não ficou leve em termos de esforço financeiro.

Sporting: a esperança... Nuno André Coelho!
Para o Sporting, face a tudo isto, o dinheiro encaixado por Moutinho será quase nada. Bem sei que o “quase” aqui é tudo menos irrelevante em termos financeiros. Para além de recuperar liquidez, fundamental para alguns negócios em curso, o Sporting alivia a sua folha salarial consideravelmente. O que perde e o que dá a ganhar, porém, está longe de ser compensatório.

Ao fundo do túnel, porém, no “negócio Moutinho”, eis que surge uma esperança. Nuno André Coelho. Foi uma espécie de gratificação portista para sair a bem do negócio mas, creio, tem potencial para ser muito mais do que uma parte simbólica das consequências.

De facto, estranho muito o trajecto de Nuno André Coelho no Porto. Foi um dos mistérios para que fui alertando na última época e que ainda estou para perceber. As indicações que deixou apontam para um grande potencial, com qualidade para assaltar rapidamente um lugar no onze portista, ou, agora, de formar uma dupla entusiasmante com Carriço. É um jogador rápido, com cultura posicional, alto e bom tecnicamente. Talvez uma utilização mais frequente me mostre o porquê de tão pouca confiança no seu potencial mas, para já, centrais com o potencial de Nuno André Coelho, não conheço muitos por aí...



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