12.5.08

Sporting 2-1 Boavista

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Se deste jogo pouco mais interessava do que resultado para efeitos de campeonato – visto tratar-se da última jornada, não havendo indicações a retirar para o futuro nesta competição – no que respeita ao Sporting era igualmente o último teste antes da final, residinndo o interesse da análise, precisamente, em saber em que ponto se encontra a equipa leonina antes desse último e difícil desafio da época.
Se nos últimos jogos havia apontado uma melhoria da equipa nos seus processos defensivos – particularmente no momento da transição defensiva – o Sporting começou por errar precisamente nesse capítulo na jogada que resultou no golo madrugador do Boavista. Este aspecto – a transição defensiva – foi, entre todos os problemas revelados pelo Sporting ao longo da época, aquele que mais prejudicou a equipa. Afinal, o número de golos sofridos na temporada quase que duplicou face a 06/07. Na jogada realce para a má decisão entre pressionar e manter-se numa atitude mais posicional depois da perda de bola. Miguel Veloso, primeiro, mas sobretudo Abel, optaram por uma pressão “cega” que os jogadores do Boavista aproveitaram para criar uma situação de 3 para 2 que resultou no golo.
A verdade é que, apesar da vantagem no marcador, o Boavista não foi um adversário difícil para o Sporting, particularmente no seu processo defensivo. Com referências homem a definir a marcação, o bloco axadrezado encostava demasiado atrás e o Sporting fazia muitas vezes o primeiro passe por um dos centrais, já no último terço de campo. A razão desta permissividade invulgar está no facto de não haver um pressing zonal, mas sim individualizado. Ou seja, Ivan vigiava Abel, Hussain Grimi e Mateus preocupava-se com Veloso. O resultado era uma ausência de pressão sobre os centrais que progrediam até ao momento em que se desfazia um acompanhamento individual de um dos médios para, finalmente, pressionar a sua progressão. Esta situação abria, obviamente, uma linha de passe e foi assim que Izmailov começou por ganhar liberdade na jogada que resultou na grande penalidade.
O jogo progrediu na mesma toada até ao intervalo, com o Sporting a não fazer um jogo soberbo, mas a ter processos ofensivos mais do que suficientes para, mesmo assim, marcar o segundo golo e ainda desperdiçar 2 ocasiões claras. Por outro lado, ofensivamente o Boavista apresentou-se limitado pela ausência de Zé Kalanga e nunca soltou transições perigosas, sendo que o Sporting conseguiu, mesmo assim, passar por sobressaltos, fruto da grande instabilidade que reside no entendimento entre Patrício e os centrais.
No segundo tempo, o Sporting optou por um jogo mais passivo, tentando chamar o Boavista e deixando de tirar partido dessa liberdade concedida aos centrais. Na teoria até podia não ser má ideia, mas na prática este adormecimento do jogo só pode ser feito por equipas confiantes defensivamente, o que não é, claramente, o caso do último reduto leonino. Assim, o Boavista moralizou e, se é verdade que a vitória é justa e que o Sporting poderia ter facilmente ter feito mais golos, também é verdade que os axadrezados se “puseram a jeito” de conseguir o empate.
No balanço final, fica um Sporting claramente mais sólido do que noutros jogos em que também venceu – nomeadamente frente a Braga e Leixões –, com crescimento de individualidades como Romagnoli ou Veloso, mas ainda longe de um nível que o possa encarar a final sem uma grande dose de apreensão face ao nível que se espera do Porto. Nota ainda para a evidente e altamente preocupante insegurança de Patrício, contagiando os seus centrais, sendo Polga aquele que mais afectado parece estar.

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