5.5.08

Notas do Paços 0-1 Sporting

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- Era um jogo que se previa difícil para o Sporting e uma prova real à sua capacidade para aguentar o segundo lugar. A verdade é que o foi. Não, ao contrário do que tem dito José Mota, pelo bom futebol do Paços, mas porque a equipa da capital do móvel protagonizou um jogo de grande intensidade, tornando-o muito fisico e disputado, num estilo a fazer lembrar o futebol britânico e que complica muito a tarefa às equipas mais fortes tecnicamente, como é o caso do Sporting, particularmente pelo palco onde se jogava.

- O Sporting entrou a tentar sobrepor-se ao adversário pela posse de bola, com Miguel Veloso a emprestar um enorme qualidade de passe mas a ceder em demasia à tentação de solicitações em profundidade, perante uma primeira linha de pressão do Paços perturbadora e uma linha mais recuada que jogava alto. Nem sempre foi bem sucedido, mas encontrou, sobretudo no lado esquerdo, soluções que levaram com frequência a bola à área contrária.

- Quanto ao Paços, a opção foi por forçar um jogo de segundas bolas, saindo a jogar nas que conseguia ganhar e pressionando, mantendo a organização nas que perdia. Para além desta opção, havia a estratégia da transição que, no entanto, saiu apenas uma vez em todo o jogo. Sem bola, a equipa não abdicava nunca de pressionar, mesmo quando o Sporting saia de frente para o jogo.

- A primeira parte foi marcada por fases distintas em termos de ascendente e de momento psicológico, mas sempre caracterizada pelos mesmos princípios, atrás identificados. O resultado desses princípios foi um jogo combativo, disputado, marcado por confrontos aéreos no meio campo e – altamente relevante – várias situações de bola parada que permitiam colocar a bola na áreas adversárias. Quanto aos referidos momentos nesse primeiro tempo, até aos 20 minutos o Sporting dominou, com a tal posse iniciada por Veloso a imperar e conseguir fazer a bola chegar à área adversária com frequência. Num jogo com a dimensão fisica deste, o Paços rapidamente equilibrou, ganhando um ascendente emocional quando Edson aproveitou um erro de Polga para desperdiçar a melhor oportunidade do jogo. O Paços teria nesse período mais um lance de grande perigo – na única transição que conseguiu fazer com perigo – mas o Sporting acabaria por marcar pouco depois, revirando novamente a balança emocional do jogo. Os últimos minutos da primeira parte foram, de resto, os melhores do Sporting no jogo.

- A segunda parte foi mais uniforme, marcada, mais ainda, pela tal dimensão fisica do jogo, com um número invulgar de batimentos longos de defesas e guarda redes, numa estratégia que fazia parte do plano do Paços e que foi aceite pelo Sporting por representar menos risco numa fase em que o essencial era segurar a vantagem conseguida. Este foi um cariz de jogo que beneficiou as intenções do Sporting, que conseguiu controlar sempre o jogo, mantendo o Paços longe da sua área e apenas tremendo em lances de bola parada. O Sporting apenas se pode lamentar nesse período da sua incapacidade em aproveitar a exposição espacial concedida pelo Paços, exigindo-se mais nesse aspecto.

- No final fica um jogo sofrido do Sporting e que podia ter tido outro resultado caso o Paços tivesse aproveitado uma das excelentes oportunidades que usufruiu no primeiro tempo. Por paradoxal que pareça, isto não impede que considere que a vitória só terá sido conseguida por um crescimento da fase defensiva da equipa, que já havia sido revelada frente ao Marítimo. É que os lances do Paços, e à excepção da tal transição que permitiu um 1x1 de Cristiano, resultaram de erros individuais que têm um nome em comum: Polga, que está numa fase anormalmente errática. Ainda no campo individual, destaque para a exibição enorme (mais uma!) de Miguel Veloso. Preciso e precioso na gestão da posse de bola e muito importante no tal jogo de segundas bolas que definiu a partida. Se o Manchester veio ver...

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