9.3.10

1958: O meu nome é... Pelé!

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Entre a ressaca doméstica e o inicio da jornada europeia, tempo para uma pequena intromissão histórica. Na realidade, trata-se da introdução de uma nova rubrica, especial e motivada pelo Mundial que se aproxima. A ideia é, até ao inicio da competição, trazer aqui uma série de exibições históricas dos grandes nomes do futebol mundial em jogos de campeonato do mundo. Um exercício que permitirá fazer o contraste entre as diferentes “eras” do jogo e, também, o nível dos diversos craques que encantaram gerações. Para começar: Pelé frente à França, na meia final de 1958.

Não é exagerado dizer que, depois deste jogo, disputado a 24 de Junho de 1958 em Solna, o mundo do futebol nunca mais foi o mesmo. Não que algo tenha mudado no jogo em si, mas porque, depois deste jogo, o mundo não poderia mais ficar indiferente a um nome que, hoje em dia, não conseguimos dissociar do jogo: Pelé.

O jovem Pelé tinha apenas 17 anos e já havia garantido o feito de se ter tornado no mais jovem jogador da história dos mundiais. Um prodígio que o Santos mostrara à Brasil e que, agora, era também revelado ao mundo. Pelé estreou-se no terceiro jogo da fase de grupos frente à URSS de Lev Yashin e nos quartos de final havia sido já protagonista, marcando o golo da vitória frente ao País de Gales. Agora era a vez da França, comandada pela dupla Kopa-Fontaine, numa meia final entusiasmante.

Na verdade, o Brasil dominou completamente o jogo, mostrando-se sempre francamente superior a uma França com a qualidade demasiado isolada na figura das suas 2 estrelas. Aos 2 minutos o Brasil já ganhava depois de uma infantilidade de Jonquet que terminou no golo de Vavá. Fontaine empatou pouco depois, a passe de Kopa, pois claro, mas isso não parou a avalancha brasileira. Didi era, apesar do mediatismo hoje reconhecido a Pelé ou mesmo Garrincha, o jogador mais influente. O motor da equipa. No meio campo parecia ser o dono do jogo, impressionante fisicamente e com uma capacidade técnica bem acima da média. Na frente, Pelé jogava ao lado de Vavá, com Zagallo à esquerda e o desequilibrador Garrincha à direita. Ao intervalo o 2-1 não surpreendia, mas foi depois do intervalo que algo mágico sucedeu.

Em vantagem e perante uma França em notória dificuldade física, Pelé apareceu transformado na segunda parte. Baixando mais para se aproximar do jogo, o prodígio passou a ser um elemento muito mais desequilibrador. O seu primeiro golo, marcado aos 52 minutos, foi o rastilho que faltava. Pelé ganhou confiança na mesma medida que as forças se foram dissipando dos músculos franceses. Com mais espaço, Pelé partiu para um hat-trick histórico que definiu por completo o destino da partida e presença canarinha numa final que também venceria, também com Pelé com protagonista. Provavelmente os suecos – que vibraram mais com os golos da Suécia que jogava à mesma hora do que com as jogadas daquele miúdo – não sonharam com o que estava a acontecer, mas, à frente dos seus olhos, estava a ser coroado... o “Rei”.



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