Superioridade natural
Não foi um jogo fácil para o Benfica. A estratégia do Nacional colocava grande ênfase na limitação das hipóteses do Benfica poder jogar em transição. A forma de o fazer foi não arriscar a perda e jogar longo para poder encarar, defensivamente, sempre os encarnados com um bloco denso e organizado. O outro lado desta opção, claro, foi a cedência quase total do domínio do jogo. É que o jogo directo dos madeirenses esbarrou sistematicamente em situações de vantagem para os defensores do Benfica.Face a este cenário, o Benfica não enjeitou a oportunidade de mandar em absoluto no jogo. O problema, no entanto, foi que a sua qualidade em organização não esteve nos níveis já vistos. Isto pode ser comprovado pelo número reduzido de oportunidades para tanta iniciativa. O risco, neste contexto, era de ver a ansiedade e frustração afectar a equipa e o jogo noutros aspectos, acabando por dar mais oportunidades ao Nacional para ganhar outra expressão ofensiva.
É por isso que ganha importância o timing do golo de Cardozo e é por isso, também, que é justo realçar a atitude da equipa, que se manteve dentro do jogo em termos de intensidade e agressividade. Já agora, sobre o golo, realçar o papel de Ruben Amorim. Curiosamente acabou por ser decisivo, depois de ter tido uma participação ofensiva que havia pecado pela escassez, ao longo do jogo. É que para uma equipa que defende tanto com base nos encaixes individuais, como é o caso do Nacional, torna-se especialmente complicado quando um lateral aparece em termos ofensivos, e isso nem sempre aconteceu.
A linha defensiva
Talvez seja estranho fazer este destaque, mas a mim parece importante no decurso do jogo. O Benfica teve grande domínio e o Nacional teve poucas oportunidades para sair em transição. Mas teve-as. A questão é que quando as teve – e não eram preciso muitas para conseguir impacto – a defesa do Benfica resolveu sempre bem. Não “afundar”, obrigar a lateralizar e esperar pelo apoio dos restantes elementos. Um desempenho fundamental para realmente “secar” o adversário, dando tempo e estabilidade para o ataque encontrar o seu momento.Aimar e... o planeamento
No Benfica, para explicar um nível aquém de outros jogos, podemos encontrar vários motivos. Desde logo, a questão da fadiga central, motivada pelo pouco tempo entre jogos. Há, no entanto, um elemento que parece ter peso especial. Claro... Aimar. Já defendi a sua especial importância para equipa pela qualidade que dá em todos os momentos. A verdade é que o argentino, mantendo a sua importância em vários desses momentos, aparece agora anormalmente frágil com bola. Acumulou um número elevadíssimo de erros técnicos e perdas, influenciando negativamente a equipa.A questão é: se Aimar já havia revelado problemas na Quinta Feira, se o Benfica tem agora mais 2 jogos decisivos, porquê a sua utilização? Sobre este tema da prioridade em relação às competições, levanto novamente a questão: Será que o futebol que o Benfica apresentou em toda esta época não merece arriscar um lugar de realce na História do clube? O ponto é que isso, num clube com o passado do Benfica, nunca será conseguido apenas com um campeonato...