10.3.10

Arsenal - Porto: não havia necessidade!

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A este nível, habitualmente, as goleadas são resultado de uma enorme diferença de eficácia. Foi esse o filme que Jesualdo quis “vender” na sua análise final, mas... não foi isso que se passou. A goleada foi, isso sim, a consequência justa e natural de um jogo que cedo se encaminhou para esse destino. Que o Arsenal é uma grande equipa, das melhores do mundo a nível colectivo, já se sabia. Que o Porto iria ter, inevitavelmente, grandes dificuldades no Emirates, também era de prever, ao ponto de o ter feito no próprio rescaldo da primeira mão. O que não era, nem forçoso, nem tão previsível, era a sucessão de tiros no próprio pé que conduziram o Porto à embaraçosa vulgaridade com que saiu de Londres... Não havia necessidade!

As opções de Jesualdo
Começando pelo que é mais comum discutir-se, em especial depois das derrotas. Na verdade, e tantas vezes insisti nesta ideia no passado, sou absolutamente contra “totobolas de 2ªFeira”, mas não posso deixar de comentar as opções iniciais de Jesualdo.

Sobre Nuno André Coelho, já várias vezes escrevi que me parece ter um grande potencial, superior a Maicon, e um candidato a superar Rolando se tivesse oportunidade para tal. Agora... na posição 6?! Num jogo desta importância?! Sem nunca ter sido testado previamente?! Enfim, como disse, não foi por aí que o Porto passou pelo que passou, mas não faz absolutamente sentido nenhum, e estranho como pretende um treinador retirar o melhor da sua equipa se as suas apostas exigem, desde logo, um rendimento improvável dos seus jogadores.

Mas não me parece que Nuno André Coelho seja o único caso discutível. Há Hulk. Também, como no caso do central, creio que Hulk tem um potencial fantástico e tem tudo para ser um jogador do mais alto calibre no futebol mundial. Acontece, no entanto, que o rendimento do jogador na primeira mão deixou claro que a ausência de competição lhe tem feito muito mal. Para mais, em experiências anteriores em Inglaterra (Chelsea e Manchester), Hulk havia repetido exibições muito fracas. Assim foi e... assim se repetiu. Ao contrário da opção de Nuno André Coelho, e apesar de bem menos polémica, parece-me que esta foi uma opção com alguma influência na qualidade de jogo portista...

Os tiros no pé
Na verdade é um cenário que se repete. Foi assim no primeiro ano de Jesualdo, com os deslizes de Helton em Stamford Bridge. Seguiram-se as inexplicáveis atitudes de Fucile nas 2 mãos da eliminatória frente ao Schalke. No ano passado, em Old Trafford, Bruno Alves assistiu Rooney. Este ano, para não quebrar a tradição, a eliminação portista fica fortemente ligada a erros individuais perfeitamente evitáveis e apenas explicáveis pela incapacidade de lidar com a pressão destes momentos. Os réus? Fucile e Rolando.

O Arsenal entrou avassalador. Com enorme qualidade de circulação, plena de mobilidade e velocidade, e utilizando muitos jogadores nas acções ofensivas. Parar isto é muito difícil e se o Porto tivesse sucumbido por aqui, pouco havia a dizer. Mas não. O primeiro golo resulta de um lance em que Rolando perde o lance aéreo com... Arshavin. Como se não bastasse, o central tentou corrigir o incorrigível mau posicionamento para a primeira bola e abriu uma cratera nas suas costas. Aqui, como se não bastasse Rolando, entra Fucile. A rotina é, quando o central sai, o lateral proteger-lhe as costas, fechando o espaço interior. Fucile fê-lo, mas apenas por reacção e isso provou-se fatal. No segundo golo, de novo os mesmos protagonistas. De Fucile é escusado falar, tal a evidência da sua displicência. Mas uma nota vai ainda para o mesmo Rolando que não acompanha bem posicionalmente o lance, mantendo-se mais alto do que a linha da jogada e abrindo espaço para a trajectória por onde haveria de entrar o cruzamento.

Se Jesualdo esperava um jogo de pormenores, assim, perder tornou-se inevitável.

A goleada
Explicada a derrota, pela qualidade do Arsenal e, sobretudo, pelos tiros no pé referidos, fica também fácil perceber a goleada. Do intervalo, e com 2-0, o Porto voltou na corda bamba. Ou seja, a sua boa reacção poderia terminar num golo que relançaria a equipa ou... num outro, do outro lado do campo, que ditaria a falência motivacional da equipa e, por consequência, o descalabro que se seguiu. Na verdade, esse sempre foi o cenário mais provável, tendo em conta a qualidade do Arsenal e, claro, a diferença entre o momento de confiança das equipas.

Notas individuais
Já falei de algumas individualidades, mas há outras que me merecem referência. A primeira, Ruben Micael. O jogo mostrou que Ruben não é, como nunca foi, um jogador acabado. Tem limitações do ponto de vista técnico e físico e a sua boa movimentação não conseguiu contornar essas dificuldades, num jogo de ritmo bem mais elevado e em que era preciso fazer tudo melhor e mais rápido. Falhou demasiado para uma equipa que precisava de qualidade máxima nos momentos com bola e que tinha nele um elemento central para a transição. Pior que ele, se descontarmos os decisivos Fucile e Rolando, só Hulk.

Para não ser tudo mau, termino com boas notas. Helton, é evidente. Juntaria Rodriguez, que teria sido muito mais útil do que Hulk, o incansável Falcao e Varela. A substituição deste último, aliás, torna-se difícil de entender estando Hulk em campo. Isto, mesmo sabendo que o brasileiro ocupava, na altura, uma posição mais interior e não idêntica à de Varela.



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