22.3.10

Benfica - Porto: Tendências acentuadas. Destinos confirmados.

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O que fazer? Mudar o critério e escolher o melhor, ou manter-se coerente a ele até na final? Uma questão de opção que seguramente terá prós e contras de ambos lados. O que ninguém poderia prever, porém, era o impacto de tal decisão na definição do jogo. Jesus abdicou de Moreira e fez questão de ter Quim. Jesualdo manteve-se com Nuno. O jogo foi tão equilibrado que se tornou desinteressante. Não sem antes, porém, que se tivesse decidido. Primeiro, pelo tal rendimento das opções para as balizas, e, depois, por um rasgo de eficácia encarnado. Uma sentença de morte para um Porto deprimido, e uma prenda que o Benfica soube agradecer e valorizar. E assim, sem grande história, se definiram vencedor e vencido de um final que serviu para acentuar tendências.

Benfica - vencer pode ser tão fácil
O primeiro título! É essa a grande – e praticamente única – consequência desta final para o fantástico Benfica, versão 09/10. “Ainda não ganhou nada” foi uma frase amplamente repetida, quer por adeptos, adversários ou mesmo pelos próprios jogadores e treinadores da equipa. Pois bem, agora já ganhou alguma coisa e, bem vistas as coisas, acaba por fazê-lo até com grande expressividade. Quem consultar os registos da competição dentro de alguns anos não poderá deixar de notar a clareza dos números com que os encarnados ultrapassaram os rivais, Sporting e Porto. Curiosamente, e talvez em contra ciclo com uma tendência nas restantes competições, o resultado foi mesmo mais generoso do que as exibições. Não que o Benfica não tivesse merecido a vitória. O que se passa é que, tal como na meia final, o Benfica viu o jogo encaminhar-se facilmente para o destino que lhe interessava, nunca lhe sendo exigido um nível dentro do que já mostrou noutros jogos e noutras competições.

Eram esperadas alterações substanciais. Quais exactamente, creio que nem o próprio Jesus teria claro no planeamento, dependendo da recuperação de alguns jogadores depois do jogo de Quinta Feira. A grande nota no que se viu vai, claro, para a colocação de Aimar numa posição mais ofensiva. Na realidade, o posicionamento do argentino não foi exactamente o de um avançado. Isto implicou, por um lado, um Benfica um pouco mais baixo em temos de primeira fase de pressão e, por outro, maior presença na zona central, retirando amplitude e exigência à missão do próprio Carlos Martins. Não me parece mais do que uma opção circunstancial mas... poderá esta ser uma versão a experimentar frente ao Liverpool?

Os tiros no pé do Porto e a sua própria eficácia ajudaram o Benfica a conseguir uma vitória clara sem ter, sequer, de desfazer o equilíbrio. Ainda assim é importante notar também a facilidade com que o Benfica controlou o jogo e segurou a vitória. Prova – mais uma – da qualidade do modelo e, também, da confiança que se respira entre os jogadores. Mais um bom tónico para as decisões que se avizinham...

Porto - incapaz de reagir
Apesar das diferenças qualitativas, do momento e das ausências do Porto, pensei que esta final pudesse mostrar-nos um Porto de orgulho ferido. Na realidade, o jogo começou por confirmar esta ideia mas, se era possível um Porto a surpreender, tudo se tornaria muito complicado ao primeiro revés. Consequências de um momento anímico altamente vulnerável a recaídas. E assim foi. Um jogo infeliz para o Porto que, depois de alguns bons indícios, se viu incapacitado de qualquer reacção anímica às contrariedades que encontrou, acabando simplesmente por sucumbir.

Importa, em tudo isto, falar de novo do aspecto individual. Já no rescaldo da goleada de Londres havia falado da apetência dos jogadores portistas para errar clamorosamente em jogos decisivos. Não acontece sempre, é certo, mas a frequência com que se assiste a fenómenos como o que protagonizou Nuno é assustadora.

Para além do jogo – pouco interessante – importa falar da questão táctica. Com as lesões dos extremos, iremos assistir a um Porto em mutação táctica na recta final da época. A ideia será recuperar uma estrutura que Jesualdo reproduziu pontualmente no passado. Ou seja, utilizar um falso extremo à direita e dar maior liberdade a um dos médios para se aproximar do avançado. Um formato que permite jogar com apenas 1 extremo de raiz. Veremos como a equipa, e alguns jogadores em particular, evoluem neste novo figurino. Para já os resultados são pouco conclusivos.



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