11.3.10

Explicar a hecatombe portista... ou parte dela.

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Escolher pode tornar-se um exercício complexo quando os possíveis exemplos são tão numerosos. É o caso da derrota portista em Londres e, em particular, da escolha de lances que ajudem a explicar onde esteve o problema. Para facilitar – e abreviar – decidi limitar a análise à primeira parte, centrando-a apenas na má prestação da equipa com bola e deixando de lado os momentos defensivos, com excepção, claro, dos golos. Aqui fica, então, o comentário a um vídeo que, na realidade, fala muito por si próprio...

Os golos
Já aqui me havia referido aos lances ontem, e o vídeo serve apenas para reforçar o que foi então escrito. Ou seja, a centralização da responsabilidade em Rolando e Fucile com o dado relevante da forma primária como foram cometidos os erros.


No primeiro golo, a origem acontece no erro de Rolando. A primeira bola com Arshavin deveria ser ganha obrigatoriamente. Rolando perde o lance por reagir tarde e muito mais lentamente do que estava ao seu alcance. Talvez por instintivamente sentir a obrigatoriedade de ganhar o lance, acaba por corrigir ainda pior o seu atraso, lançando-se para uma bola perdida e perdendo a posição. Mais valia ter feito falta. Atrás de si, no entanto, há outro erro. Fucile, pois claro. Na saída do central, o lateral tem de fechar por dentro, e antes que a bola entre no espaço. Fucile fê-lo apenas por reacção, quando a bola fora já lançada em Arshavin e, por isso, perdeu o lance.

No segundo golo, começo por falar da atitude de Fucile. Não é a primeira vez que vemos jogadores – e particularmente Fucile – “incendiados” por despiques pessoais. Creio que foi isso que se passou com Fucile. O uruguaio havia sido batido individualmente por Diaby no inicio da jogada e isso pareceu ferir-lhe o orgulho, retirando-lhe racionalidade nos momentos seguintes. Por isso, creio, tenta irreflectidamente sair a jogar e, por isso também, arrisca ganhar a bola sobre Arshavin, numa entrada à queima completamente injustificada e imprópria de um jogador da sua valia. Dito isto, há que referenciar ainda o papel dos centrais. Com Nuno André Coelho uns bons metros mais baixo do que eles, decidem manter a linha, como que ignorando a presença do colega. Assim viabilizou-se uma linha de passe que era totalmente proibida, num movimento que indicia má capacidade para jogar correctamente com o fora de jogo. Para completar o cenário dantesco, é ver os defensores portistas com o braço no ar depois do golo...

Os momentos com bola
Podia trazer aqui algumas jogadas em que o Porto deixou muito a desejar perante o ataque do Arsenal. Na realidade, a tarefa não era fácil, mas houve trocas posicionais que envolveram os médios que, claramente, foram mal feitas, denotando uma expectável falta de rotina entre jogadores pouco rotinados entre si. Mas, se sem bola o Porto teve dificuldades, muito do que não fez passou também pela falta de qualidade nos momentos com bola.

A entrada foi desastrada. Nos primeiros momentos em que teve oportunidade para jogar, o Porto simplesmente acumulou erros e entregou a posse ao adversário. Fosse em organização ou transição. A coisa melhorou antes do 2-0, mas Fucile e os centrais encarregaram-se de não retirar o Arsenal da rota da goleada.

Enfim, há que notar que o Arsenal – e volto a esta ideia – é uma equipa fortíssima em todos os momentos e não apenas com bola como é tantas vezes repetido, e que também tem muito mérito nas dificuldades que o Porto sentiu em jogar. Aliás, já havia sentido no Dragão. Ainda assim, foram demasiados os erros. Erros na opção e na execução. De defesas e médios. Em organização e transição. Se o Arsenal é excepcional com bola, era preciso que, pelo menos, não a tivesse muitas vezes, e isso foi tudo menos conseguido pelo Porto. Finalmente, porque é o tema mais popular nesta altura, pouco disto tem a ver com Nuno André Coelho. É repetida a ideia de que o “pivot” é fundamental para a qualidade da posse, mas isso só é verdade em algumas equipas e o Porto não é uma delas. É verdade que Nuno André Coelho nada acrescentou em termos de qualidade de posse, mas não foi por ele que o Porto errou tanto e quase não jogou na primeira parte.



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