Quando tudo parecia apontar para um defeso tranquilo em Alvalade – um pouco à imagem do último – eis que, num só dia, a situação conhece um volte-face que torna o Sporting num dos pontos de maior interesse do defeso em Portugal.
Tello rompeu e rumou à Turquia e Nani não teve destino diferente de Cristiano Ronaldo, quando o Manchester decidiu avançar para sua contratação. Fazendo as contas ao plantel de 24 com que Paulo Bento finalizou a temporada, há, para já, 4 baixas consumadas, podendo este número atingir a espantosa marca da dezena. Para Paulo Bento – o principal garante, na minha opinião, da estabilidade e qualidade do futebol leonino em 07/08 – o plantel será composto por poucos jogadores (nunca mais do que os tais 24) e moldado para evoluir no 4-4-2 losango.
Entre baixas prováveis e confirmadas, o dito sector criativo é aquele que mais fica afectado (a defesa poderá ser outro “bico de obra” caso Caneira não permaneça). Caso saiam Romagnoli, Nani e Carlos Martins, o plantel fica francamente carente de homens que desequilibrem no último terço de campo. Ao Sporting reservar-se-á – perante este cenário – a inesperada tarefa de ser ágil e certeiro no mercado. Disso dependerá o sucesso da equipa numa época em que as exigências serão maiores.
Filipe Soares Franco anúnciou que a volumosa verba adquirida com a transferência de Nani será, sobretudo, direccionada para a redução do passivo. Faz lembrar o défice do governo esta questão do passivo. É importante, mas é fundamental que não ofusque a visão de quem a responsabilidade de delinear a estratégia. 2007/08 será uma temporada de maiores espectativas em Alvalade e dificilmente os adeptos (e a própria equipa) serão tão conformados com um segundo lugar. Soares Franco deveria, digo eu, ser capaz de olhar também para o lado – que é como quem diz para a venda de Anderson. O modelo dos clubes portugueses passa pela formação mas poderá ser mais rentável se houver capacidade para lançar talentos em fase final de formação (por exemplo, fazer a ponte entre a melhor formação sul-americana e o mercado europeu).
Não digo que a totalidade, nem sequer a maior fatia do “bolo” Nani devesse ser reinvestida, mas parece-me que 5 milhões poderão ser escassos para quem espera tanto e tem tão pouco (refiro-me à tal fase criativa). O Sporting tem a vantagem (em relação ao FC Porto, por exemplo) de ter o orçamento do futebol equilibrado, tendo as saídas de Tello e Nani “aberto” um buraco por preencher de cerca de 1,75 milhões de euros em salários anuais, face às intensões iniciais da SAD para a próxima temporada. É certo que os empréstimos têm um baixo risco, mas, realmente, outras soluções mais rentáveis quer desportiva, quer financeiramente?
Deixo um “bitaite”: não faria sentido o Sporting fazer um reinvestimento de parte do capital adquirido numa jovem promessa com qualidade segura (possivelmente nos talentosos mercados Argentino ou Brasileiro). O salário que pretendia dar a Nani será certamente suficiente para pagar a um jogador com estas características.