27.6.07

Henry no Barça: e agora?

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A tranferência-choque consumou-se! Henry mudou-se para Camp Nou e com ele levou um peso enorme para os ombros de Frank Rijkaard. Ao treinador holandês – a confirmar-se a sua permanência, claro – cabe agora ser bem sucedido onde, por paradoxal que pareça, muitos outros falharam: fazer render uma equipa de super-estrelas.

Naturalmente, o primeiro dilema que nos vem à cabeça é o da coabitação entre Henry e Ronaldinho. A verdade, porém, é que o Barça tem hoje mais do que uma super-estrela - Messi parece ter finalmente explodido e o seu talento merece hoje tanto protagonismo como qualquer outro jogador. Se juntarmos a este trio a possibilidade de Eto’o permanecer – tal como vem sendo anunciado, quer pelo clube, quer pelo jogador – então, está montado um verdadeiro Dream Team no derradeiro quarto de campo... pelo menos, no papel!

Craques como Henry ou Ronaldinho têm, pela sua qualidade, de “absorver” as atenções das suas equipas, por forma a que o colectivo possa tirar o melhor partido do seu talento. Eles são a referência dos princípios de jogo ofensivo das suas equipas e é assim que deve ser.

Há algumas semanas abordei aqui uma problemática similar (ainda que a uma escala diferente), com a conciliação de Anderson e Quaresma no FC Porto de Jesualdo. Hoje, mantenho o que escrevi então, ou seja, as equipas precisam de definir prioridades nas suas acções ofensivas. Da coabitação de estrelas podem resultar dois tipos de conflito prejudicial ao colectivo: (1) A excessiva presença de elementos ofensivos no onze, carenciando a equipa nos momentos da transição defensiva. (2) A não convergência dos princípios de jogo, com a equipa a procurar acções ofensivas de carácter diverso, centralizando cada jogada numa das estrelas, mas afastando as outras. Aqui, o problema resulta, normalmente, num jogo mais individualizado e menos apoiado.

Das duas soluções que apresento na imagem que acompanha o texto, não discuto que, no papel, a segunda parece mais atraente, mas tenho também a certeza de que criaria, pelo menos, um conflito do primeiro tipo que enunciei. 4 jogadores com estas características num onze condicionam fortemente o momento defensivo. Resta, então, a hipótese 1. Ainda assim, Rijkaard terá de se concentrar em sistematizar princípios bem definidos e que não hesitem entre as 3 estrelas. À partida, uma deverá ser privilegiada, mas, realmente, se o colectivo render, todas acabarão por ganhar. Neste aspecto, Rijkaard terá a vantagem de Henry preferir os movimentos laterais sobre o flanco esquerdo, podendo combinar com Ronaldinho e abrir espaço para os movimentos diagonais de rotura de Messi.

Duas últimas notas. Naturalmente, o Barça não se resume a estes jogadores. Neste aspecto, eminente saída de Deco pode representar um forte abalo. Finalmente, para além da componente estritamente futebolística, há ainda o aspecto do relacionamento humano. São muitas estrelas, sobre muita pressão mediática... a fazer lembrar os Galácticos de Madrid!

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