Recordo quando, pouco depois de ter escolhido Quique, Rui Costa afirmou que o grande motivo pela opção por um estrangeiro tinha a ver com as condições de estabilidade externa, muito mais fáceis de criar com alguém vindo de fora. Tinha razão e a prova disso foi o prolongado estado de graça de Quique Flores e a forma como, exageradamente, foi elogiado nos primeiros meses da sua passagem por Portugal. A minha concordância com o argumento de Rui Costa é, de resto, tão grande que estou convencido de que Jesus não terá, nem de perto, nem de longe, tamanho tempo de estado de graça no Benfica.
Mas o problema do Benfica continua a ser o de parecer não ter confiança no seu próprio critério. Escolhe treinadores atrás de treinadores e com a mesma convicção que os elege, rapidamente desconfia desse mesmo acto. Nem seria preciso dizê-lo porque todos o sabemos, à luz do nosso próprio dia-a-dia. Quando dominamos um assunto, a nossa convicção não se desfaz ao primeiro revés, mas quando estamos apenas a “adivinhar”, rapidamente trocamos a nossa própria convicção. O que parece é que o Benfica está apenas a tentar “adivinhar” um treinador de sucesso e se esse objectivo não for imediatamente evidente, então rapidamente Jesus, como Quique, acabará por ser olhado com grande desconfiança.
Duas notas finais e importantes sobre esta escolha:
- Finalmente podemos enquadrar as contratações e opções de mercado num modelo de jogo.
- Com uma direcção demissionária e a poucas semanas de eleições, a contratação de um treinador é mais um acto de manifesto desrespeito pela democracia interna do Benfica. Algo que não só não fica nada bem ao grande clube em pleno século XXI e que, sobretudo, não o beneficia em nada...
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