Trocar prioridades e perder oportunidades
Novo jogo de preparação, uma raridade ao nível de Selecções, como é sabido por todos e amplamente reforçado pelo próprio Queiroz. Novamente, no entanto, o foco do seleccionador passa por testar soluções individuais em vez de procurar reunir aqueles com quem mais conta para os jogos decisivos que há ainda pela frente e com eles trabalhar e rotinar processos de jogo que, notoriamente, não têm a qualidade desejada.
Queiroz vai distribuir prémios, simpáticos sem dúvida, a jogadores que têm trabalhado bem mas cuja qualidade, mais do que seguramente, nunca os irá permitir ser opção para os encontros que realmente contam na Selecção. Que Queiroz analise e avalie todos os jogadores durante o tempo em que estão ao nível de clubes – e hoje há mais do que elementos suficientes para uma avaliação detalhada – parece-me bem. Obviamente. O problema é ter que “queimar” treinos e jogos para “castings” individuais, quando há tanto para trabalhar no plano colectivo.
As opções individuais, da baliza aos avançados
Partindo para as discussões sobre escolhas individuais, confesso que é neste momento de todo imperceptível qual é o critério de Queiroz. Começou por anúnciar que só seriam opção os que jogassem nos clubes e nas respectivas posições. A verdade é que adaptou Duda, manteve Deco quando não é opção no Chelsea há várias semanas e não deu oportunidades a outros jogadores de qualidade inegável mas que também não vêm sendo utilizados nos seus clubes. Os destaques mais recentes são as opções para a baliza e para avançados.
Na baliza o caso chega mesmo a ser anedótico. Primeiro, deve ser quase único uma convocatória para tão pouco tempo de trabalho e tão poucos jogos em que estejam presentes 4 guarda redes. O verdadeiro “non-sense” da situação acontece quando Queiroz afirma que não há dúvidas sobre quem é o titular da baliza, acrescentando a esta incoerência óbvia um tom de indignação misturado com insultos à inteligência de quem questiona a situação.
Na frente de ataque, para além do caso de desajuste táctico de Hugo Almeida ao perfil de jogo da Selecção, há ainda o caso de Edinho. O ex-Setúbal teve uma utilização não superior a Nuno Gomes e a Postiga, mas no AEK de Atenas. Se juntarmos as diferenças de qualidade e, sobretudo, perfil entre Edinho e os outros 2, então fica totalmente imperceptível a razão desta escolha.