4.6.09

Eleições Sporting: O perfil de liderança dos candidatos

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Um processo eleitoral pressupõe ideias e ideais, equipas e projectos. Tudo isto é importante, mas de pouco ou nada servirá se o líder não estiver à altura do desafio. A avaliação do carácter e capacidade de liderança dos candidatos é, por isso, o mais importante dos exercícios que, neste caso, os sócios do Sporting terão pela frente quando forem decidir em quem votar. Nesse aspecto proponho um exercício de “colagem” do perfil que cada um dos candidatos deixou nas várias entrevistas dadas publicamente aos estilos definidos pelo grande “guru” da inteligência emocional, Daniel Goleman, no livro “Os novos líderes, a inteligência emocional nas organizações”.


José Eduardo Bettencourt, o líder “relacional” – Diz Goleman que o “líder relacional” se caracteriza pela importância que dá às relações com as pessoas da sua equipa e, em particular, às emoções. Este tipo de liderança consegue normalmente resultados positivos pela confiança e cumplicidade criadas entre os membros da equipa e parece aproveitar os momentos positivos para gerar laços de união, úteis quando a pressão aumenta.
Bettencourt apresenta várias características que se enquadram neste tipo de liderança. A exigência de ter na sua equipa elementos com os quais tem bom relacionamento, a valorização e descrição das suas próprias emoções no processo de decisão e, num outro tempo, a facilidade com que se relacionou com os adeptos em momentos de maior emoção justificam o encaixe neste perfil.
Goleman define este tipo de líderes como um dos mais eficazes, mas alerta também para a necessidade de não se refugiar demasiado no relacionamento e que isso pode fazer perder o ênfase nos objectivos práticos da equipa. Muitos dos mais eficazes líderes têm por base um estilo relacional, mas conseguem complementá-lo nos momentos próprios com uma abordagem mais “visionária”, ou seja, definindo rumos, objectivos e avaliando objectivamente o desempenho dos membros da sua equipa. O desafio de Bettencourt está, por isso, identificado e passa por dar ao seu perfil “relacional”, uma complementaridade “visionária”....

Paulo Pereira Cristovão, o líder “dirigista” – Este não é o melhor dos balanços da performance do candidato. Segundo Goleman, o líder "dirigista” é caracterizado pela forma como gosta de impor as suas ideias aos seus subordinados, sem que seja para ele uma preocupação que essas ideias sejam aceites ou compreendidas, apenas que sejam executadas. Em vez de delegar, este tipo de líder gosta de ser o centro de todas as decisões. Este é um tipo de liderança que pode ter utilidade, ainda que normalmente apenas no curto prazo, em situações de crise profunda ou, no caso do futebol, pontualmente em situações de grande “stress”, por exemplo durante os jogos. Não deixa de ser uma curiosidade que Cristovão tenha no seu discurso tentado passar uma visão de um Sporting em estado de crise total, como que enquadrando a situação ao seu perfil.
Os indícios do estilo “dirigista” de Cristovão são mais do que evidentes. Tomar decisões sobre os jogadores que farão parte do plantel (concretamente Stojkovic) ou impor estilos de jogo que ele pensa serem os melhores (diz que o Sporting tem de jogar com extremos) são decisões que não devem passar pelo Presidente mas sim pelo treinador. Depois, há no seu discurso uma intenção de impor regras rígidas e sem paralelo aos jogadores. Ouviu-se falar, por exemplo, num horário de trabalho para os jogadores, algo que não só não deverá ser aceite de bom grado por parte dos jogadores, como é totalmente desadequado da realidade do mundo do futebol. E aqui passo para o ponto seguinte...
Se o estilo “dirigista” não é aconselhável sobretudo para um Presidente, muito menos o será se, como é o caso, este não domina as áreas onde insiste em intervir, como é o caso do futebol. A escolha de Eriksson, com um perfil desfasado do momento do próprio Sporting, é sintomático, assim como o é a forma como parece não compreender a realidade dos profissionais de futebol, completamente distinta de um empregado de uma empresa convencional. Juntar “dirigismo” a falta de conhecimento técnico pode ser uma combinação explosiva, com resultados desastrosos. Cabe a Cristovão ter a capacidade de corrigir e não confirmar os indícios que tem deixado neste aspecto em particular.


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