Mas será que o "negócio-Ronaldo" em particular e o "efeito-Florentino", em geral, não trazem nada de positivo para o futebol? Certamente que sim!
Interesse competitivo: Se até hoje parecia claro que as duas principais ligas do mundo eram fortemente dominadas por 2 super poderes, agora há mais expectativa e incerteza quanto ao equilíbrio de forças.
- Em Inglaterra, sem Ronaldo, o United perde a sua principal unidade. Será esta a oportunidade de Chelsea, Arsenal e Liverpool para finalmente quebrar uma hegemonia que apenas Mourinho conseguiu contrariar? Muito provavelmente.
- Em Espanha, o Barcelona pode ter ganho um adversário mais à altura do seu poderio. Talvez e não com a maior das probabilidades. É que ao Real faltará, venha ainda quem vier, fazer uma equipa das estrelas que está a juntar e, não menos importante, o próprio “Barça” ganhará nova motivação para se reafirmar internamente. Nem será preciso recorrer a vídeos!
- Na Europa, a balança do poder também será abalada. Florentino mexeu com o mercado. “Roubou” Ronaldo e Kaká a United e Milan e estes terão agora de tratar de substituir estas peças, seja com soluções internas, seja com o recurso ao mercado. São, para já, 3 crónicos candidatos à vitória na Champions que vêem a sua estrutura abalada. A incerteza é forçosamente maior.
Ronaldo: Depois da Bola de Ouro em 2008, Ronaldo parecia ter como principal ambição esta transferência. É uma ambição pouco lógica para quem ganha tanto dinheiro e este poderá ser um presente envenenado para Ronaldo, que tem ainda muitos anos de carreira pela frente. É um desafio enorme à capacidade de motivação do jogador. Ronaldo será sempre um grande craque dos tempos actuais, mas a barreira, para quem chegou tão alto tão cedo, deveria chegar à elite dos melhores de todos os tempos e não à elite dos mais bem pagos... E agora, Ronaldo?!
Real Madrid: Duvido que alguém, não madrilista, passe a simpatizar mais com os “merengues” com o ressurgir desta versão capitalista. Não conheço nenhum herói que se faça valer pelo capital para atingir os seus fins, e, por outro lado, há vários vilões com essa característica. O Real passará a ser cada vez mais uma equipa a abater, criando mais emoção e mais sentimento em seu redor.
Um “fundo” a crise do futebol: Como combate à crise, governos injectaram investimento. Por o dinheiro a circular é fundamental para relançar a economia. No futebol também é assim e a economia da indústria tem a ganhar com tanto dinheiro injectado no mercado. Se os milhões pagos pelo Real forem reinvestidos pelos clubes que os receberam, haverá mais liquidez nos clubes e, pode dizer-se, o efeito de Florentino será em muito semelhante ao dos fundos que os governos investiram na economia global.
Pelligrini: Treinar o Real é, em qualquer circunstância, um motivo de pressão. Desta vez, porém, Pelligrini já deve estar a suar antes mesmo do primeiro treino. O peso sobre os seus ombros é enorme e é em torno do ex-treinador do Villareal que girará agora grande parte do sucesso deste plano de milhões. Uma coisa é contratar craques, outra é construir uma super equipa. Confesso desde já que não estou a antever facilidades. Pelo próprio atraso do Real em relação à concorrência e pelo perfil do técnico escolhido - em particular, alguma limitação táctica que, pelo menos até agora, tem transparecido...
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