26.5.08

A opção Quique Flores

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Pelo perfil que já aqui havia defendido como ideal para treinador, não só do Benfica, mas qualquer um dos ‘grandes’, não posso, naturalmente, considerar esta a escolha mais indicada. Quique Flores entra na Luz pela mesma porta de Koeman ou Camacho. Ou seja, um treinador de créditos reconhecidos, mas que acabou de sair por baixo de uma importante oportunidade de carreira, servindo o Benfica como resgate para a essa situação. Este é, no entanto, um perfil que, também como já aqui referi recentemente, parece agradar mais aos adeptos do que um nome com menos currículo, mas a quem seja reconhecido potencial. Assim, mais uma vez, o Benfica opta por fazer o esforço financeiro de trazer para Portugal um treinador em quem deposita grandes esperanças, sob a perspectiva de que a importação dos seus conhecimentos irá fazer a diferença em Portugal.

Sobre aquilo que se pode esperar de Quique Flores é ainda cedo para grandes considerações. Uma olhada pelo seu passado diz-nos que é um treinador que privilegia o rigor defensivo a uma grande expressão em termos ofensivos. Aliás, as suas épocas, quer no Getafe, quer no Valência foram caracterizadas precisamente por bons registos defensivos (particularmente em casa), sendo que a sua saída do Valência depois de uma fase em que a equipa perdera essa sua típica eficácia defensiva. Em termos de sistema não há também certezas, apenas a indicação que o 4-4-2 clássico era um dos esqueletos que mais apreciava no Valência, parecendo menos provável que opte pela manutenção do losango. Aliás, olhando para o perfil de Quique, antecipo mais um regresso a algo próximo do preconizava Camacho do que Fernando Santos ou mesmo Chalana. Refiro-me em particular ao sistema (linha de 4 no meio campo) e à atitude defensiva (privilegiando o equilíbrio defensivo e a organização posicional no momento da transição defensiva), já que em termos ofensivos Quique terá certamente de encontrar ideias que vão para além do deserto ofensivo com que Camacho nos brindou.

Finalmente uma nota para um pormenor que considero negativo e que, mais uma vez, encontra paralelo em Camacho: a exigência de reforços “à cabeça”. Um treinador que venha para o Benfica tem de perceber que não terá as mesmas possibilidades financeiras de alguém que está no Valência, mas que, por outro lado, deverá atingir um nível desportivo bem próximo do topo europeu. Ao treinador cabe encontrar soluções, sejam elas por via do trabalho táctico, ou pela indicação de jogadores de potencial mas com custos acessíveis. Pedir reforços de nome feito é algo que, simplesmente, não é possível no futebol português e é por isso que não é nada fácil ser-se treinador dentro deste contexto.

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