13.11.07

Sporting 07/08 - Uma época problemática

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Parecia afastado o problema de resultados do Sporting. Fátima, Naval e Roma – pela exibição muito elogiada – serviram para acalmar os contestatários, mas em futebol é um erro pensar que este tipo de fenómenos se erradicam de forma tão pacífica. Uma derrota, um mau resultado são suficientes para fazer com que tudo volte e foi isso que aconteceu no pós-Braga.
Na realidade o problema por que o Sporting está a passar já foi vivido na época transacta onde esteve numa situação até mais complicada: mais longe do primeiro lugar, com menos jogos para disputar e fora das competições Europeias. Hoje o Sporting tem 8 pontos de atraso em relação ao primeiro lugar, sendo que já teve as 3 deslocações teoricamente mais complicadas do campeonato, mantendo-se em boas condições para continuar na Europa e sendo o principal candidato à conquista da Taça da Liga. A enfatização do problema vem, na minha opinião, do aumento de expectativas provocado pelos resultados no final do ano passado. De repente, a compreensão que existia para o facto do Sporting se apresentar com um orçamento bem mais reduzido do que os seus directos competidores passou a ser menor e essa parece-me a principal diferença nas reacções.

Melhor a atacar, pior a defender
Futebolisiticamente falando, a versão 07/08 parece-me mais fraca do ponto de vista defensivo. Este era um dos pontos fortes da equipa em 06/07 e a diferença tem sido mais sentida na Champions League onde o Sporting tem sofrido muito mais golos do que no ano passado, alguns dos quais de forma algo displicente. O modelo é o mesmo, com os mesmos princípios e o mesmo sistema. O problema está na sua operacionalização e, aqui, creio que se deve mencionar a falta que faz Caneira na defesa do Sporting. A concentração competitiva e sentido posicional do jogador não eram fáceis de substituir e a equipa ressente-se da sua ausência. Por outro lado, do ponto de vista ofensivo, creio, as coisas até têm corrido melhor em Alvalade. Apesar da lesão de Derlei, da quebra de forma de Yannick e do desajuste do perfil de Purovic ao modelo, Liedson tem estado em grande plano e a presença de Romagnoli é bastante mais determinante do que na mesma altura em 06/07. Por outro lado, tanto Vukcevic como Izmailov têm-se revelado opções de inegável utilidade. O Sporting consegue hoje ser mais perigoso ofensivamente mas tem tido muitas dificuldades em manter alguns jogos sob controlo.

O dilema táctico
Um dos problemas mais notórios do Sporting actual (e que já tinha afectado a equipa em 06/07) é a dificuldade para lidar com a sobrecarga de jogos. Os jogos a meio da semana diminuem o número de sessões de treino para preparar cada jogo e a equipa ressente-se muito desse facto, demorando a entrar nas partidas e a adaptar-se ao adversário. As equipas dão-se tanto melhor com este tipo de situações quanto mais fácil for a imposição do seu modelo de jogo, independentemente do ajuste às características do adversário e aqui o Sporting tem revelado dificuldades evidentes. Uma das soluções possíveis para este problema poderá passar pela introdução de um novo sistema de jogo – o 4-2-3-1 tem sido tentado em certos momentos nos últimos jogos. Aqui, no entanto, residem dois obstáculos: (1) com pouco tempo de treino, haverá condições para criar e assimilar as novas rotinas? (2) Será aconselhável tentar um novo sistema quando o plantel foi composto para outro sistema que é ajustado às características dos jogadores?

O Futuro
Paulo Bento tem um desafio delicado no imediato. A sobrecarga de jogos vai manter-se e o Sporting vai continuar a deparar-se com as mesmas dificuldades. A este facto junta-se a crescente pressão que, se atingir determinado nível, pode afectar a própria equipa. A época adivinha-se longa e cheia de oportunidades (possivelmente a Taça Uefa poderá ser uma boa oportunidade, por vários motivos), mas com uma grande ameaça... Já aqui defendi as qualidades de Paulo Bento como treinador (creio ter todas as condições para ter uma carreira de grande sucesso, seja no Sporting ou noutro clube) e uma eventual saída do treinador, embora não seja uma catástrofe num clube que tantas vezes trocou de treinador, pode representar uma perda importante.

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