19.11.07

Suficiente... menos!

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Desilusão e preocupação foram dois sentimentos que resultaram da performance nacional em Leiria. De facto, a exibição ficou aquém do que se perspectivava e do jogo sobram apenas os 3 pontos como aspecto positivo. Para a pergunta sobre quais os motivos para o sucedido encontro dois motivos essenciais que, como em tudo neste jogo, não podem ser dissociados um do outro:

1) Falhanço do 4-2-3-1
O ensaio táctico de Scolari falhou redondamente. Já se sabe que nestas coisas de Selecções o tempo é muito curto para preparar e desenvolver novas rotinas e, para quem dúvida dessa dificuldade, o que se passou frente à Arménia serve de um bom exemplo. A ligação entre sectores foi sempre muito lenta e a equipa não se encontrou colectivamente em praticamente nenhum aspecto do seu jogo. Aqui, destaco as fases de transição. Defensivamente, a tentativa (nunca bem sucedida) de dar movimentação ao trio da fase criativa fazia com que, no momento da perda de bola, Portugal estivesse desorganizado dificultando a tarefa para os 6 mais defensivos, que raramente tiveram apoio. Ofensivamente, quando ganhava a bola o passe demorava a sair porque não havia referências para uma saída de bola rápida. Frente a 4-4-2 nem sempre bem organizado da Arménia esperava-se que houvesse mais capacidade para aproveitar os erros colectivos adversários. Ao invés, Portugal permaneceu como que paralisado tacticamente, denotando, até, dificuldades na primeira fase de construção do seu jogo, tal era a “barreira” entre os 6 de trás e os 4 da frente... No segundo tempo, com a reconstituição do 4-3-3 as coisas melhoraram substancialmente do ponto de vista organizacional e, se a inspiração se manteve ausente, pelo menos o jogo tornou-se bem mais controlado por parte de Portugal.

2) Concentração competitiva
Talvez não seja propositado – não creio que se possa acusar os jogadores de falta de querer – mas Portugal encarou o jogo com demasiada descompressão, com os jogadores a demorar demasiado a reagir aos lances e pouco concentrados nas suas tarefas colectivas. Um nível de concentração próprio de uma sessão de treino de final de temporada e que denota uma má preparação psicológica para esta partida. Aqui, só encontro um motivo para o sucedido: uma total focalização no jogo com a Finlândia que, afinal, era e é o verdadeiro encontro decisivo para o apuramento. A resposta será dada Quarta Feira, no Dragão, mas não deixa de ser surpreendente esta atitude perante uma formação que há bem pouco tempo havia sido capaz de complicar as contas a Portugal.

Apesar de tudo, creio que a vitória é incontestada, com as diferenças de nível individual a serem suficientes para superar todos os problemas colectivos e conseguirem garantir ascendente sobre os Arménios. Num jogo em que Portugal teve aquilo que tantas vezes lhe faltou – a eficácia do 9 – ficou, no entanto, a sensação de que só por muito pouco a “minhoca não engordou”...

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