28.7.07

O pós-Simão...

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Talvez tenha sido uma simples forma de pressão, talvez apenas um desabafo descuidado perante os microfones, mas a verdade é que a forma como Fernando Santos classificou os efeitos da, então hipotética, saída de Simão é reveladora do peso que o jogador tinha na equipa e nas suas aspirações para esta temporada. Afinal, foram 6 temporadas, sendo, simultâneamente, a principal referência das acções ofensivas da equipa e o jogador sobre quem os encarnados mais depositavam esperanças para os momentos em que nada parece funcionar. Simão foi, no Benfica, garantia de golos e assistências, cantos, livres e penaltis, momentos de pura inspiração e temporadas de produção constante. É impossível ignorar a sua relevância!

Dificilmente, porém, o futuro poderá estar verdadeiramente comprometido com a partida do capitão. Tacticamente, o modelo deverá continuar a evoluir em 4-4-2. Aqui a diferença estará no elemento mais adiantado do losango, onde Simão actuava com a particularidade de abrir na ala sempre que a equipa progredia com bola. Rui Costa, por exemplo, é um jogador mais participativo na construção, sendo menos vezes uma referência próxima dos avançados e, sobretudo, menos participativo junto às alas . Aqui, Fernando Santos tem como opção mais óbvia a adaptação dos princípios de jogos às características do 10, fazendo depender a largura ofensiva da equipa da acção dos laterais e da mobilidade dos avançados (neste caso, daquele que acompanhará Cardozo na frente). Rui Costa será, nesta altura, a solução mais evidente para a posição que Simão ocupava, tanto mais que foi nessa posição que actuou durante o “pico” da sua carreira, com o sucesso que se sabe. A ameaça será, neste caso, a fiabilidade do ídolo da Luz, dada a sua idade e historial recente de problemas fisicos. Mantendo o sistema, as alternativas poderão ainda passar pela utilização de Nuno Gomes numa posição mais recuada ou pela nova esperança da Luz: Di Maria. O Argentino é, sem dúvida, uma promessa a ter em conta, mas constitui-se igualmente como uma incerteza no curto prazo. Afinal, para além da idade, Di Maria tem ainda de ultrapassar a barreira da adaptação ao futebol europeu. Uma coisa fica, no entanto, clara: juntando Simão à saída de Miccoli, o Benfica perde grande parte da genética do seu futebol ofensivo, e 2007/08 mostrará uma equipa diferente na sua forma de atacar.

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