3.5.07

Milan, Liverpool e a "natureza" da Champions

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Liverpool e Milan. Não era o desfecho mais previsível e a verdade é que a Champions League volta a mostrar a sua natureza enquanto competição... É uma prova para se vencer ao “sprint” e não em “endurance”. A glória está reservada para aqueles que melhor se preparam para as fases decisivas e, para isso, parece ser preciso garantir uma condição que se demonstra cada vez mais determinante: ter as coisas resolvidas no plano interno - para o bem ou para o mal. Tem sido assim nos últimos anos, basta olhar o percurso interno dos vencedores mais recentes.
Chelsea e Manchester United pagaram caro as despesas do despique interno e nem o facto de Mourinho e Ferguson terem poupado algumas das figuras de maior relevo no fim de semana serviu para evitar aquele que foi o principal tónico da segunda mão das meias finais: uma diferença enorme na intensidade e agressividade impostas quer pelo Liverpool, quer pelo Milan, que também pareceram melhor preparados (física e, sobretudo, mentalmente) para as “nuances” das respectivas partidas.
Na final, o mesmo cenário de 2005, apenas num palco um pouco mais ocidentalizado (em 2005 foi na Turquia, agora é na Grécia). Ainda assim, os dois conjuntos parecem-me menos distantes no potencial – há 2 anos creio que o Milan era claramente mais forte e apenas terá perdido pelo carácter insólito da partida. O jogo será, isso parece-me certo, diferente, com duas equipas que gostam da “zona” mas com uma interpretação distinta. Mais pragmático, o Liverpool fecha-se nas suas duas linhas de 4 homens, chama o adversário e explora os “esticões” das segundas bolas de Crouch, das bolas paradas e dos movimentos de ruptura de Gerrard. O Milan ilude com a singularidade do ponta-de-lança, confundindo as referências defensivas e abrindo espaços para a mobilidade de Kaka e Seedorf. Em ataque planeado, alarga o campo com os laterais, para depois explorar o espaço interior criado. Sem bola, tem no fortíssimo pressing zonal exercido pelo seu trio do meio campo defensivo a sua principal arma de bloqueio.
Não será a final ideal, mas, tacticamente, será certamente um duelo interessantíssimo!

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