22.2.11

Sporting - Benfica: Análise e números (Sporting)

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Notas colectivas
As marcas emocionais de um derbi levam sempre a que se retirem grandes conclusões dos 90 minutos. Ou melhor, mais do que dos 90 minutos, do resultado desses 90 minutos. Porque é em cima do resultado que se constroem a generalidade das análises. A verdade é que nem este foi um jogo especialmente mau para o que a equipa vem fazendo, nem – muito menos! – é preciso esperar pelo resultado do jogo para concluir sobre os defeitos de uma equipa que já vai em dezenas de jogos disputados. Bem vistas as coisas, aliás, este foi um jogo que facilmente poderia ter tido outro destino.


Importa, a meu ver, comentar a abordagem estratégica do jogo e fazer uma comparação com a opção tomada por Paulo Sérgio frente ao Porto. Na altura, o treinador surpreendeu o seu adversário com definição de uma estratégia que tirava partido do facto do Porto ir, seguramente, tentar o domínio do jogo. Uma estratégia de maior controlo espacial e menor risco. Desta vez, não o fez. Mesmo sabendo que era o adversário quem – muito mais do que o Porto na outra ocasião – tinha de arriscar. Porque não o fez? Paulo Sérgio terá a resposta, mas, a meu ver, é mais uma prova da “desistência” do treinador.

Dirão os adeptos do Sporting que a equipa tem de se impor pelo domínio, especialmente dentro de casa. Pois é, mas pior do que a incapacidade é a inconsciência da mesma. E foi isso que começou a ditar a derrota do Sporting. Ao assumir um jogo em posse desde a construção, o Sporting propôs-se fazer algo que não faz bem e pagou por isso. Não que tenha cometido muitos erros, mas porque não tem qualidade colectiva para contornar um pressing alto de forma apoiada. Foi assim que o Benfica garantiu uma melhor entrada e foi assim que iniciou a jogada do seu primeiro golo.

Em boa verdade, e dentro das competências que a equipa tem demonstrado, o Sporting até deu uma boa resposta. Nunca conseguiu dominar ou levar a melhor em situações de organização, mas encontrou momentos em que conseguiu esticar o jogo, quer em situações de ataque rápido, quer no aproveitamento de algum espaço entre linhas que o Benfica pontualmente ofereceu. Em situações de organização seria impossível retirar algo do jogo, mas com algum caos, foi o Sporting quem se mostrou mais inspirado – Matias! – e determinado. Não lhe valeu um golo, mas valeu-lhe um homem a mais e alguma esperança num volte face.

É claro que os problemas da equipa não passaram minimamente em claro. Para além da construção, houve também a dificuldade de parar as combinações entre Gaitan e Coentrão, à esquerda, e, já na segunda parte, uma evidente falta de qualidade colectiva na abordagem ao último terço do campo. Incrível como o Sporting não promove quaisquer situações de combinação no flanco, isolando o portador da bola, mesmo em superioridade numérica. Nada de novo, porém.

Notas individuais
João Pereira – Solícito e participativo, mas ainda desinspirado, tal como acontecera em Olhão. Voltou a perder uma bola decisiva, que deu origem ao livre do segundo golo. Mas, pese a desinspiração, não lhe falta qualidade, falta-lhe é mais apoio colectivo.

Grimi - Foi mau. Muito. Mas prometeu pior e poderia ter sido, de facto, muito pior.

Pedro Mendes – Não sei por onde começar, se pela sua exibição, se pela sua substituição. Foi, enquanto esteve em campo, o jogador mais participativo do jogo, especialmente em termos defensivos, recuperando um número enorme de bolas. Não tem a qualidade de passe de Maniche, mas tem uma presença fantástica em termos posicionais no meio campo. Vendo bem as coisas, é já uma sorte para o Sporting que Pedro Mendes não tenha a aparência “redonda” de Maniche. Em vez de substituído, ainda acabaríamos por vê-lo junto a Maniche no banco. Se os tirarem todos do campo, é normal que, de facto, as soluções sejam fracas...

Matias – Se o Sporting encontrou os seus momentos no jogo, é a ele que os deve. Esteve disponível e inspirado, ficando muito perto de virar o rumo do jogo. Matias não sido um caso de sucesso e a responsabilidade não é apenas dos outros. É um jogador com enorme talento, mas que não encontrou ainda o enquadramento certo para o aplicar, ressentindo-se especialmente quando os espaços entre linhas se reduzem, mas também não sendo capaz de se tornar mais útil nesses momentos. É outro que precisa urgentemente de um novo ciclo.

Cristiano – As suas primeiras exibições têm mostrado mais vontade e dedicação do que talento. É certo que não ajuda os poucos apoios que são criados...

Djalo e Postiga – Esforçados? Sim. Mas a nível de produtividade, conseguiram muito pouco.



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