3.2.11

Porto - Benfica: Análise e números (Benfica)

ver comentários...
Notas colectivas
É mais engraçado falar-se de “vitórias tácticas” e outras coisas que tal. O facto é que os alicerces da vitória encarnada são, a meu ver, três: atitude, eficácia e qualidade. Sendo que a qualidade sempre esteve lá, só que quase sempre, e quase todos, só a vêm depois de saberem o resultado.

Quanto ao lado táctico, na verdade, não há assim tanta novidade. A equipa jogou em 4-4-2 clássico como já fizera em tantas outras ocasiões, nomeadamente nos jogos da Liga dos campeões. Mesmo frente ao Porto, no “pesadelo” do Dragão, havia apresentado uma linha de 4 no meio campo. Mas houve uma diferença, de facto.


No jogo para o campeonato, e apesar da tal aproximação de Martins a Garcia, não existiu qualquer preocupação em relação aos movimentos de Belluschi em largura. O argentino libertou-se algumas vezes e nessas ocasiões teve um impacto decisivo. Desta vez, Jesus foi precavido como já devia ter ido para o primeiro jogo. É que esse tipo de movimentos são comuns no Porto. Muito mais do que o nome do jogador, houve a preocupação de o alertar para o que teria de ser feito. O facto de ter jogado Peixoto, o que não é normal, ajuda a realçar a preocupação do treinador, mas ela podia ter existido mesmo mantendo Aimar ou Martins no meio campo.

De resto, e aproveitando a vantagem que conseguiu, o Benfica esteve sempre muito bem e ao seu nível. Conseguiu potenciar o erro do adversário e levar a melhor através da pressão e agressividade que introduziu. Depois, e com o passar do tempo, acabou por ter de assumir uma postura mais posicional, sobretudo após a expulsão. Durante muito tempo conseguiu evitar uma exposição dos centrais e quando o Porto os forçou a abrir mais pelos movimentos de Hulk, eles responderam bem, contando também com uma cobertura solidária da equipa.

É importante, finalmente, destacar o papel fundamental de Sálvio e Gaitan no desempenho táctico da equipa. Há algum tempo que venho escrevendo que os argentinos estão perfeitamente ao nível das exigências defensivas do modelo e que há uma visão tão generalizada como mal fundamentada sobre a sua utilidade táctica. Isso foi mais claro neste jogo, mas não foi novidade nenhuma.

Notas individuais
Coentrão – Espectacular actuação! De tal modo que, mesmo expulso, acho que merece o estatuto de melhor em campo. Discute-se se deve ser defesa ou médio, mas há jogos onde Coentrão parece ser defesa e médio ao mesmo tempo, tal a intensidade que coloca nas suas acções.

Luisão e Sidnei – Estiveram ambos bem. Melhor Luisão, sobretudo porque não cometeu alguns erros do seu parceiro, mas ambos estiveram bem. É certo que protegidos pela equipa, mas corresponderam bem quando foram forçados a sair da sua zona.

Javi Garcia – Marcou um golo importante e esteve bem na sua missão posicional. O facto da equipa não ter assumido um jogo com mais posse, ajuda-o porque claramente não se sente muito confortável nesse momento. Tudo somado, esteve praticamente perfeito em tudo o que fez.

Peixoto – Fez de facto um bom jogo. Cumpriu a missão específica sobre a esquerda e com bola também esteve bem.

Gaitan – As estatísticas indicam-no há muito e aquilo que aqui venho escrevendo deve começar a ser mais evidente com o passar do tempo. Mantém-se sem a intensidade (com e sem bola) que o poderia catapultar para outro rendimento, mas é um jogador de grande qualidade técnica e muito útil tacticamente, porque, simplesmente, se posiciona bem, no local certo e no tempo certo. Recuperou um número muito elevado de bolas apenas e só porque entende a sua missão táctica.

Salvio – Não teve o protagonismo de Gaitan no trabalho defensivo, mas é bom notar que também Salvio se relaciona muito bem com Maxi no corredor. Muito rápido a compensar o lateral e, mesmo que não tenha tido grande impacto no jogo, esteve bem na generalidade das oportunidades que teve para jogar.

Cardozo – A meu ver, não se justificava a sua permanência em campo depois da expulsão de Coentrão. Ainda assim, é de notar o esforço que fez na sua missão, conseguindo muitas vezes ser útil em situações muito complicadas, e quase construindo um golo praticamente sozinho. O ponto sobre Cardozo é que a sua capacidade de trabalho parece aumentar em jogos de maior grau de dificuldade. O que indicia que se lhe pode exigir noutras ocasiões onde até lhe é mais fácil fazer mais.



Ler tudo»

AddThis