25.2.11

Polga, a "incompetência", e a "qualidade táctica"

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Tenho deixado aqui várias criticas à forma como algumas opiniões injustas se generalizam sobre o rendimento de jogadores. O caso dos argentinos do Benfica no início de época. O caso de muitos jogadores do Sporting em toda a época. Alguns, absolutamente gritantes. Fala-se de "incompetência", mas, nestes casos, a incompetência está na forma como as opiniões são formuladas, muito mais do que na performance individual dos visados.

Um exemplo vem do jogo frente ao Rangers e da forma como Polga é - e continuará a ser em muitas conversas de café - responsabilizado pelo primeiro golo. Não é um filme novo. Na verdade, é apenas mais uma sequela daquilo que tantas vezes se viu ao longo da época (e que pontualmente foi aqui abordado): a exposição individual pelos erros colectivos.

A jogada não é rápida e acontece em situação de organização. Ou seja, não há motivos para desequilíbrios posicionais. Não há, mas eles acontecem. A primeira linha de pressão não é inexistente mas inútil, a proximidade e agressividade sobre os jogadores que recebem a bola é ausente, e o ajuste posicional é lento e incorrecto. Uma simples combinação e a bola chega ao espaço entre linhas, sem pressão sobre o portador da bola e expondo os centrais. O lateral oposto (Abel) está afastado e o central mais próximo (Torsiglieri) é obrigado a fazer contenção. Restam Polga, Diouf e toda a área para proteger. O avançado faz o movimento nas costas, Polga tem de manter o contacto visual com a bola e com a posição de Torsiglieri (linha defensiva). Ou seja, quando a bola sai, e saindo bem, resta-lhe pouco mais do que... rezar. Só que, neste caso, rezar, não chegou.

Há um pormenor neste jogada que se repete no segundo golo e em muitas outras jogadas em que o Sporting, incompreensivelmente, abre espaços entre as suas linhas: A mudança de flanco. A equipa sente uma dificuldade enorme a ajustes posicionais perante uma circulação em largura, normalmente sobrando para os seus centrais a resolução desses problemas.

"Qualidade táctica" - e esta é a minha versão da definição - é a velocidade e organização com que as equipas se ajustam às diversas alterações e circunstâncias do jogo. O Sporting não tem problemas de incompetência individual, tem problemas de "qualidade táctica".

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