- Para as ilações a tirar, estou de acordo que o resultado interessa pouco. Mas, para a História - e estes jogos têm um lugar nada irrelevante na História - o resultado é tudo menos irrelevante. Serve esta constatação para lamentar uma derrota que classificaria como desnecessária. Não injusta, mas desnecessária. É verdade que o empate seria mais fiel ao equilíbrio do jogo, mas também é um facto que a Argentina se manteve mais forte na recta final, depois de um inicio de segunda parte onde Portugal esteve melhor e falhou 3 golos "feitos". Analisarei melhor o jogo, mas, num primeiro balanço fica a ideia de que Portugal, e apesar da derrota, confirma a recuperação de um nível mais de acordo com o seu potencial. Ou seja, capaz de jogar de igual para igual com qualquer selecção do mundo, e com idênticas possibilidades de sair vencedor. Isto, apesar das dificuldades que o meio campo luso sentiu, em especial na primeira parte, para controlar a mobilidade e qualidade de Messi.
- Também jogaram os sub 21. O resultado foi melhor, mas a exibição foi bem menos promissora. Não é sobre o jogo que quero falar mas, antes sim, de um tipo de postura que se começa a impor em relação aos naturalizados. Sempre que se pensa em integrar um cidadão português de origem estrangeira, com 1/3 do seu tempo de vida vivido em Portugal, levantam-se uma série de vozes discordantes. O que me parece difícil de perceber é que, depois de todas essas discussões, os mesmos contestatários aceitem, com a maior naturalidade, que se recuperem cidadãos estrangeiros, e que têm como única ligação ao país a sua ascendência. Aos meus olhos, todos os cidadãos portugueses devem ter os mesmos direitos e é perigoso fazer qualquer tipo de distinção entre eles. Pior, neste caso está-se a aceitar que se use o "sangue" como critério primordial de exclusão. Estou certo que não o fazem com essa intenção, mas quem defende este tipo de exclusões não está a promover outra coisa que não seja a xenofobia.
- Entretanto, e noutras "novelas", chegou ao fim a "era Costinha", no Sporting. Sempre disse que "saber escolher" é a mais importante virtude de qualquer Presidente. Tão importante que me arriscaria - com algum exagero à mistura - a considerar que é a única virtude que realmente interessa. Pois bem, se Bettencourt falhou foi porque não soube escolher, e nenhuma das suas escolhas foi tão obviamente equivocada como a de Costinha. E esta não é uma análise que faço à posteriori, posso garantir. O que me leva a comentar Costinha neste momento, porém, não é o seu trajecto, mas antes a forma como resolveu sair. Podemos chamar-lhe o "método da entrevista kamikaze", ou "método queiroziano". Pessoalmente, considero que o carácter é a última coisa que devemos hipotecar...