3.2.11

Porto - Benfica: Análise e números (Porto)

ver comentários...
Notas colectivas
Não é apenas pela derrota que o Porto se deve preocupar com o que se viu. É certo que tudo começou com uma entrada pouco concentrada, fértil em erros perfeitamente evitáveis e que acabou por ser severamente punida pela eficácia do adversário. A este nível, é sempre um destino a esperar para quem não aborda o jogo sem a atitude indicada. Esse é o primeiro ponto a rever, mas há mais.

O que talvez mais espante na exibição portista é a incapacidade que a equipa revelou para criar oportunidades de golo. Recordando o inicio de temporada, realçava a capacidade mental desta equipa, a sua concentração e a forma como parecia perceber a importância da componente emocional no desempenho da sua proposta de jogo. Frente ao Benfica, porém, o lado emocional portista foi do pior que se poderia esperar. Primeiro, pela tal abordagem sem intensidade ao jogo. Depois, porque, em desvantagem, jogou sempre sob o efeito intenso de uma ansiedade que lhe condicionou amplamente a habitual qualidade do seu jogo em posse. Isso notou-se, quer ao nível do critério – verticalizando precipitadamente – quer ao nível do próprio desempenho individual em várias situações.


Outro ponto em que também importa reflectir e onde há algum espaço para discussão é relativamente às opções de Villas Boas. A grande novidade foi Sereno, que talvez tenha sido escolhido por alguma desconfiança em relação à fiabilidade de Fucile, demasiado ligado a erros decisivos nos jogos em que tem participado. A verdade é que o desempenho do ex-Vitória correspondeu à aposta. Não é, de resto, pelas opções individuais iniciais que o Porto terá perdido o jogo ou, sequer, deixado de o conseguir recuperar.

A verdade é que na primeira parte o Porto ainda conseguiu algum esboço da sua qualidade habitual. Não de forma continuada, é certo, mas conseguiu alguns bons movimentos de envolvimento, com jogadores a conseguirem liberdade, quer no corredor central, quer sobre os corredores. O problema da primeira parte teve muito mais a ver com a abordagem ao jogo do que com opções tácticas. Já na segunda parte, o falhanço das opções tomadas foi bastante mais flagrante.

Villas Boas trocou James por Cristian, parece-me, para tentar libertar Hulk mais vezes nos corredores – não dá para dizer que Hulk jogou numa posição central na segunda parte. Muitas vezes o Porto não criava referências de marcação ao centro, tentando, talvez, atrair os centrais contrários fora da sua zona. A verdade é que essa intenção, quer pela desinspiração de Hulk nas situações de 1x1 no flanco, quer pela incapacidade da equipa de promover maior qualidade à sua posse, nunca resultou. Nem primeiro, com Bellsuchi, nem depois com Guarin, nem sequer com a entrada de Ruben Micael. Mérito do Benfica, é certo, mas foi relamente muito pouco para não se ver uma grande dose de culpa própria no sucedido.

Finalmente, nota para as opções individuais na segunda parte. Estando em desvantagem e com mais 1 jogador, pedia-se outra característica em algumas posições. Alguma capacidade para intervir de fora. O Porto tem essa capacidade no plantel, mas abdicou dela. Como opinião pessoal, creio que se utilizou demasiado tempo laterais mais fortes posicionalmente, como Sapunaru e Sereno, e que a saída de Belluschi é altamente questionável pela intensidade que estava a colocar no jogo e pela característica que tem. Isto, claro, para além de Walter.

Notas individuais
Helton – Para perceber a forma como o Porto entrou, basta ver a exibição de Helton. Pouco decidido e aparentemente pouco concentrado. Não é novidade este tipo de situação num guarda redes que tem características fantásticas.

Rolando – Esteve bastante bem em quase todo o jogo, só que também não deixou de ter uma entrada errática em posse. Não dá para dizer que foi o responsável pelo primeiro golo, mas dá para identificar que foi ele o autor do passe que ditou a perda de bola.

Maicon – Ligado ao primeiro golo pela forma como não protegeu correctamente a sua posição. Para além disso, contribui com alguns lapsos na tal fase errática da equipa, logo a abrir o jogo. Depois acertou, mas o mal já estava feito.

Fernando – Outro que acertou, mas só depois de ter pactuado com os erros que afundaram a equipa. Também não se pode dizer que tenha sido 100% responsável por um golo que aconteceu de tão longe, mas nunca se roda, como rodou, dentro da própria área. Depois, fez um grande jogo, com muita presença em apoio e na recuperação.

Moutinho – Não cometeu os erros de outros, como é hábito, mas também não seria provável que fosse ele a dar o rasgo ofensivo de que a equipa precisava. E não foi. Cresceu muito na segunda parte quando assumiu um papel mais posicional e de apoio. Acabou com uma enorme participação nas acções da equipa o que lhe dá uma avaliação estatística elevada, mas exagerada para o rendimento que teve.

Belluschi – Grande intensidade na abordagem ao jogo, ao contrário dos companheiros. Pareceu poder ser ele o impulsionador da “revolta”, mas não o conseguiu, primeiro, e saiu, depois. Não percebi porquê.

James – Não é ainda um jogador capaz de ganhar um jogo e, desta vez, até nem o conseguiu quando tinha tudo para se tornar protagonista. Não conseguiu ter impacto, mas manteve a sua eficácia com bola e isso deve-se assinalar. Saiu, mas isso não trouxe nada de novo.

Varela – Não esteve sempre bem, mas teve o mérito de ser o protagonista dos 2 lances mais incómodos para a defesa contrária. Faltou a eficácia.

Hulk – Não é por ter jogado no centro que falhou. Até porque Hulk não jogou no centro durante grande parte do jogo. Esteve desinspirado e ansioso como ainda não tinha estado este ano. Como é um jogador que vai sempre para cima e que procura tirar partido das suas qualidades individuais, acabou por perder um número infindável de bolas.



Ler tudo»

AddThis