Inegável potencial
Começando pelo perfil. Já havia falado de Keirrison, definindo-o como um ponta de lança “fino”, de características bem mais identificáveis na escola holandesa do que brasileira. Não é especialmente veloz ou forte fisicamente e não tem um drible ou pontapé que o distingam especialmente. Mas é muito inteligente a movimentar-se na zona ofensiva e tem grande qualidade técnica na forma como executa, embora o faça quase sempre de forma simples. O golo é a sua vocação e por isso marcou tantos golos por todos os clubes onde passou na sua jovem carreira. É claro que o futebol europeu representa um obstáculo ainda para ser ultrapassado, mas diria que se a aposta for consistente, Keirrison tem tudo para triunfar.
Bom negócio?
Keirrison chega à Luz mas é uma aposta do Barcelona. O ‘Barça’ definiu como estratégia para o investimento neste jovem talento emprestá-lo por 2 épocas. A questão é saber até que ponto este tipo de negócios servem o Benfica. Confesso que fico um pouco dividido na questão. Por um lado, do ponto de vista financeiro, esta é uma aquisição sem qualquer valor. Não representa investimento, é verdade, mas dificilmente o Barcelona o terá emprestado sem garantia de que irá jogar e, por isso, tapa também o lugar a um valor do plantel, no caso Saviola ou Cardozo. Por outro, o Benfica ganha o contributo desportivo de um valor que poderá, nos próximos 2 anos, ter um rendimento significativo. No final far-se-á o balanço...
Concorrência e gestão de expectativas
Como referi anteriormente, dificilmente este negócio terá sido avalizado pelo Barcelona sem uma boa perspectiva de utilização do jogador. Ou seja, a vida poderá não estar fácil para os restantes avançados. É certo que há a perspectiva de muitos jogos e pode haver oportunidades para todos, mas também é seguro que nem todos têm as mesmas expectativas e forma de reagir perante eventuais perdas de protagonismo. A concorrência pode ser saudável, mas também uma ameaça à coesão do grupo. A capacidade de liderança perante jogadores de outro nível já era o principal desafio de um treinador suficientemente competente noutras vertentes. A menos que haja uma saída para já inesperada, Jesus pode ter na linha da frente um sector sensível ao nível da gestão de expectativas...
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