Pela segunda vez na história do torneio olímpico de futebol, um país conseguiu repetir o ouro em edições consecutivas. Para encontrar o outro exemplo temos de recuar até aos anos 60, década em que a Húngria repetiu o ouro em 64 e 68.
A justiça da vitória argentina em Pequim é inquestionável e não resisto a liga-la ao triunfo espanhol no Euro deste mesmo ano. É que as duas grandes competições ao nível de selecções foram dominadas por equipas com um perfil futebolístico muito próximo e que contrasta com uma tendência mais física que vem dominando as competições de clubes. Espanha e Argentina foram campeãs com uma média de estaturas baixa, quase obsessivamente concentradas num futebol de grande valorização da posse de bola e apoios muito curtos. A pergunta que fica é se esta pode ser uma tendência igualmente triunfante ao nível de clubes ou, por outro lado, se a opção apenas pode sair vencedora no futebol de selecções?
Sistema táctico e opções
Em termos de sistema táctico, o 4-2-3-1 foi a opção clara de Sergio Batista. A justificação deste sistema está na intenção de dar liberdade ofensiva aos jogadores mais criativos da Argentina, protegendo-os tacticamente com a presença do duplo pivot de meio campo defensivo.
Na baliza, Oscar Ustari (Getafe) era o titular à partida, mas a sua lesão nos quartos de final, frente à Holanda, acabou por dar a Sergio Romero (AZ Alkmaar) a oportunidade de estar presente na baliza durante a fase terminal e decisiva da prova.
Na defesa, o quarteto base era formado por Zabaleta (Espanyol) à direita, Luciano Monzon (Boca Juniors) à esquerda e Ezequiel Garay (Real Madrid) e Nicolas Pareja (Anderlecht) como centrais.
No meio campo, Fernando Gago (Real Madrid) e Javier Mascherano (Liverpool) eram os responsáveis pelo tal duplo pivot de cobertura. À sua frente, o capitão e mais experiente Riquelme (Boca Júniors). Nos flancos, à direita, o intocável Messi (Barcelona) e à esquerda a grande dúvida de Batista. Lavezzi (Napoles) foi quem começou como titular, aparecendo mais próximo da zona central e de Aguero. O andamento da competição acabou por dar a Di Maria (Benfica) a presença nos onzes dos jogos terminais. Com um perfil diferente, Di Maria esteve sempre mais próximo ao corredor esquerdo, dando mais largura ao ataque.
Na frente, Sergio Aguero (Atlético Madrid) foi a escolha permanente.
A justiça da vitória argentina em Pequim é inquestionável e não resisto a liga-la ao triunfo espanhol no Euro deste mesmo ano. É que as duas grandes competições ao nível de selecções foram dominadas por equipas com um perfil futebolístico muito próximo e que contrasta com uma tendência mais física que vem dominando as competições de clubes. Espanha e Argentina foram campeãs com uma média de estaturas baixa, quase obsessivamente concentradas num futebol de grande valorização da posse de bola e apoios muito curtos. A pergunta que fica é se esta pode ser uma tendência igualmente triunfante ao nível de clubes ou, por outro lado, se a opção apenas pode sair vencedora no futebol de selecções?
Sistema táctico e opções
Em termos de sistema táctico, o 4-2-3-1 foi a opção clara de Sergio Batista. A justificação deste sistema está na intenção de dar liberdade ofensiva aos jogadores mais criativos da Argentina, protegendo-os tacticamente com a presença do duplo pivot de meio campo defensivo.
Na baliza, Oscar Ustari (Getafe) era o titular à partida, mas a sua lesão nos quartos de final, frente à Holanda, acabou por dar a Sergio Romero (AZ Alkmaar) a oportunidade de estar presente na baliza durante a fase terminal e decisiva da prova.
Na defesa, o quarteto base era formado por Zabaleta (Espanyol) à direita, Luciano Monzon (Boca Juniors) à esquerda e Ezequiel Garay (Real Madrid) e Nicolas Pareja (Anderlecht) como centrais.
No meio campo, Fernando Gago (Real Madrid) e Javier Mascherano (Liverpool) eram os responsáveis pelo tal duplo pivot de cobertura. À sua frente, o capitão e mais experiente Riquelme (Boca Júniors). Nos flancos, à direita, o intocável Messi (Barcelona) e à esquerda a grande dúvida de Batista. Lavezzi (Napoles) foi quem começou como titular, aparecendo mais próximo da zona central e de Aguero. O andamento da competição acabou por dar a Di Maria (Benfica) a presença nos onzes dos jogos terminais. Com um perfil diferente, Di Maria esteve sempre mais próximo ao corredor esquerdo, dando mais largura ao ataque.
Na frente, Sergio Aguero (Atlético Madrid) foi a escolha permanente.
Como defende?
Em organização defensiva a equipa apresentou-se sempre com um bloco médio mas tentava criar uma pressão que colocasse problemas à primeira fase de construção adversária. Mesmo não sendo particularmente agressiva em todo o campo, esta pressão foi responsável, por exemplo, pelas dificuldades impostas ao criativo meio campo brasileiro, destacando-se a qualidade do papel desempenhado pelos dois jogadores mais defensivos do meio campo, Gago e Mascherano.
Em transição defensiva a pressão era sempre possível ser feita sem grandes riscos. Isto porque não existia uma participação particularmente ofensiva dos laterais nem um grande aventureirismo dos médios defensivos. Isto fazia com que a equipa se mantivesse sempre equilibrada, podendo pressionar mesmo no momento da perda de bola, sem que isso significasse um grande risco para a sua rectaguarda.
Outros aspectos a salientar são a eficácia da dupla defensiva, particularmente na final onde Odemwingie foi muito eficazmente anulado por Pareja e Garay, e alguma dificuldade em lidar com alguns momentos de maior velocidade por parte dos adversários.
Como ataca?
A organização de jogo fez-se sempre pelos dois médios defensivos que, calmamente, iam pautando o jogo e buscando linhas de passe que pudessem dar inicio à progressão da equipa. Depois apareciam os movimentos interiores de Messi e Lavezzi (numa primeira fase) que, com Aguero e Riquelme conseguiam progredir em sucessivos apoios curtos que iam furando o meio campo contrário. Esta foi imagem de marca da Argentina. Uma progressão em apoios curtos pela zona central que colocava em alvoroço as defesas contrárias. Aqui, destaque para a qualidade invulgar de Messi e para o efeito Di Maria. O extremo, ao aparecer mais aberto, surgiu muitas vezes como factor surpresa no momento em que as defesas fechavam para tentar impedir a tal progressão em apoio.
Em transição, a Argentina também conseguiu naturais desequilíbrios. A velocidade de Messi, Aguero e Di Maria e a qualidade de passe de quase todos os jogadores – Riquelme em particular – davam à equipa essa possibilidade de solicitar mortalmente a profundidade, ainda que o instinto colectivo, esse, fosse sempre conduzir o jogo para uma nova fase mais pensada e apoiada. Nota para o golo que definiu a final. Uma recuperação de bola com Messi a solicitar rápida e eficazmente a profundidade de Di Maria, que tirou partido do mau posicionamento da jovem defensiva Nigeriana.
Treinador
Sergio Batista – Para nos lembrarmos dele é melhor recorrer a uma imagem diferente da que actualmente ostenta. Ele era aquele jogador barbudo e agressivo que parecia o guarda costas de Maradona nos mundiais de 86 e 90. Depois de terminada a carreira de jogador, às portas do novo milênio, Batista iniciou-se como técnico principal. O seu trajecto, diga-se, não foi deslumbrante, passando por clubes de segundo nível do futebol argentino antes de ter esta oportunidade de treinar os sub-20 “albicelestes”. Este é, por isso, o grande feito da sua carreira enquanto treinador.
5 estrelas
Ezequiel Garay (Defesa central, 21 anos) – A sua última época não foi muito cintilante devido às lesões que o impediram de dar continuidade ao impressionante trabalho que realizara no Racing Santander. O Real, no entanto, não se conteve e assegurou o central fazendo desta uma contratação para ter efeitos no médio prazo. Garay teve, ao lado de Pareja, um papel fundamental na carreira argentina. Apesar de não o ter mostrado em Pequim, Garay é dos centrais com mais capacidade goleadora do futebol actual (mesmo tendo em conta que foi marcador de pênaltis no Santander).
Fernando Gago (Médio Central, 22 anos) – Formou com Mascherano a dupla que alicerçou a vitória argentina na competição. Gago, em relação ao seu companheiro de posição, foi sempre mais participativo e arrojado na condução do jogo mantendo-se, defensivamente, sempre bem posicionado e agressivo na pressão. Nestas ocasiões fica bem destacar um herói “invisível” (mesmo que quase sempre este seja visível para toda a gente!) para as conquistas colectivas. Gago seria, neste caso, o homem para ficar com esse popular estatuto.
Juan Riquelme (Médio ofensivo, 30 anos) – Riquelme mostrou, na mesma competição, porque é que é tão adorado por uns (adeptos) e ignorado por outros (treinadores). Com espaço recebe, vira-se e passa, ou bem ou... ainda melhor. Quando o jogo se fecha no meio campo, a sua pouca amplitude de acção acaba por torná-lo numa vitima da zona pressionante que caracteriza o futebol moderno, impedindo-o de se virar para o jogo cada vez que recebe a bola. O seu futebol não se torna inútil mas de uma utilidade seguramente pouco frequente. Ainda assim é sempre um prazer ver a bola nos seus pés!
Lionel Messi (Extremo, 21 anos) – Nesta equipa argentina não faltavam grandes jogadores. Nenhum, no entanto, se compara a Messi. Por muito talentosa que seja a argentina é, para mim, impossível não traçar uma enorme diferença entre o pequeno gênio do Barcelona e os seus companheiros (ou adversários, diga-se!). As suas diagonais para o meio foram a referência do jogo ofensivo da equipa e ele sempre correspondeu a essa responsabilidade com uma qualidade excepcional em todos os jogos.
Sergio Aguero (Avançado, 20 anos) – Foi, na minha opinião, a grande vitima do sistema adoptado por Batista. Jogar como única referência na frente não me parece ser a melhor das soluções para um jogador que ganha tanto quando lhe é dada mobilidade. A sua qualidade é, no entanto, demasiada para que fique refém destas questões tácticas e acabou por ser uma das estrelas da conquista. O seu futuro se encarregará de esclarecer o nível e perfil com que se afirmará...