18.8.08

Sporting - Porto: A importância de não errar

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O frente a frente entre Porto e Sporting acabou por confirmar dois aspectos salientados pelos treinadores no final do jogo. Este não será ainda o nível ideal de ambos os conjuntos mas, por outro lado, o que se viu foi já bastante bom para o pouco tempo que leva a época. No que respeita ao desfecho, se também concordo com a visão de Jesualdo de um jogo equilibrado com um Sporting mais feliz nos momentos decisivos, também me parece que o Sporting terá justificado a vitória por ter sido a equipa que menos errou, o que, em jogos de equilíbrio, costuma ser decisivo.

Primeira Parte
A primeira parte teve sempre muito equilíbrio, mas com a repartição de momentos de algum ascendente. O Sporting foi quem entrou melhor, beneficiando do facto do Porto ter demorado algum tempo a impor a sua postura pressionante, fundamental para os propósitos do seu jogo. Quando o fez, o Porto passou à sua melhor fase, sempre com Lucho como referência principal do seu jogo ofensivo e com os momentos de transição como arma preferencial. Nestas oscilações no jogo, um denominador comum. As jogadas de ambos lados finalizaram quase invariavelmente com remates exteriores e foi assim que aconteceram as duas ocasiões de golo anteriores ao golo, primeiro no livre de Rochemback, depois no míssil surpresa de Lucho. Antes do golo, o Sporting conseguiu aquele que me pareceu ser o seu melhor período por, ao contrário do que até aí acontecera, ter feito chegar a bola com maior regularidade à área de Hélton. O golo de Djalo surgiu, no entanto, no culminar de uma primeira parte claramente dividida.

Segunda Parte
Se para o jogo não houve grandes surpresas na estrutura apresentada pelos treinadores, no segundo tempo o Porto apareceu com uma versão diferente do seu 4-3-3, libertando Lucho de tarefas defensivas para jogar mais declaradamente no espaço entre linhas. Os primeiros minutos acabaram, no entanto, por ser dominados por alguns erros individuais que comprometeram as tentativas de reacção portista. Primeiro Bruno Alves e depois Sapunaru ofereceram a Djalo todas as condições para se tornar definitivamente no herói da partida. À segunda, o jovem avançado aproveitou mesmo e colocou o Sporting com mão e meia na Taça. Nesta altura o Porto tinha já Hulk em vez de Farias, fazendo Lisandro retomar o centro do ataque, e com 2-0 Jesualdo introduziu nova alteração passando a jogar numa espécie de 4-2-4 ao retirar Guarin do meio campo. Do lado do Sporting, Paulo Bento não alterou a estrutura mas tentara-lhe dar maior consistência ao trocar Romagnoli por Veloso. Não se pode dizer que o Porto tenha alguma vez posto em causa o controlo leonino no jogo mas acabou por ter uma grande penalidade que, ao ser desperdiçada, não só determinou a perda de uma soberana oportunidade para se relançar no jogo, como terá colocado mesmo um ponto final no mesmo, com o Porto a sentir demasiado esse duro golpe.


Porto
Pelo que referi do jogo, percebe-se que esta não terá sido uma derrota preocupante. Há, no entanto, alguns aspectos que vêm desde a pré temporada e que parecem confirmar-se no arranque oficial da época. Aqui, claramente, o relevo vai para a dificuldade que Jesualdo sente em substituir Paulo Assunção e Bosingwa. Guarin mantém-se em fase de adaptação ao lugar, sentindo ainda muitas dificuldades em alguns aspectos da função. Um ponto muito visível foi a dificuldade que o Porto sentiu em resolver as primeiras bolas aéreas que fugiram a Bruno Alves, saindo o Sporting a jogar de muitas destas situações. Quanto a Sapunaru, apesar dos elogios que lhe foram feitos na pré temporada são para mim claras as diferenças qualitativas para Bosingwa. Se ofensivamente isso é evidente, em termos de consistência defensiva eu diria que os testes de fiabilidade começam com a competição e aqui, claramente, Sapunaru terá falhado no primeiro de muitos testes.
Em termos de opções, dois reparos às escolhas de Jesualdo. O primeiro, e menos relevante, para questionar o porquê da ausência de Fucile do onze. O segundo para referir que, numa equipa com um rendimento tão elevado na ligação entre Lucho e Lisandro, não me parece aconselhável mexer no posicionamento de qualquer destes dois elementos. Ao introduzir Farias, foi isso que Jesualdo fez com Lisandro. De resto, nota para a importância de Lucho. Fez uma época fantástica e, pelo que se vem vendo, ameaça repeti-la jogando a um nível pouco visto onde quer que seja.


Sporting
Não jogaram Liedson e Veloso, dois pilares da equipa no ano passado. Se estas ausências acontecessem há 1 ano dir-se-ia que o Sporting jogara sem grande parte do seu potencial. Este é o maior elogio que se pode fazer ao reforço que foi feito ao plantel. De resto, Paulo Bento saberá melhor do que ninguém, até pelo que aconteceu no ano passado, que este triunfo não representa muito para as exigências que lhe são colocadas. Rochemback foi uma mais valia, destacando-se na tal função de permutas com Moutinho, ajudando a ter o controlo do meio campo. Este, no entanto, não será o figurino tipo do meio campo do Sporting e pela primeira vez, no segundo tempo, viu-se Veloso com Rochemback em simultâneo. A questão será saber se coexistência de Veloso-Rochemback-Moutinho não condicionará o jogo ofensivo da equipa perante adversários com uma postura defensiva mais declarada.
Quanto a destaques, uma nota tem de ser feita para o ataque do Sporting. A dupla Djalo-Derlei tem dado sinais muito positivos com destaque para a facilidade que Djalo parece ter ganho para fazer golos depois da lesão que o afastou na época passada.

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