- Dos jogos dos 3 grandes era o que mais curiosidade me gerava. A razão prende-se, não só com o facto de ser a única deslocação de um grande na estreia, mas sobretudo pelo facto do Benfica não ter tido ainda nenhum jogo oficial, sobrando esse importante teste para o trabalho de pré temporada. O resultado, esse, é mais negativo do que o 0-0 de Vila do Conde.
- Como ponto prévio importa abordar o Rio Ave. João Eusébio apresentou uma proposta de jogo simples e modesta. Sem bola, bloco baixo, com 2 jogadores nos espaços entre linhas e um outro na frente, isolado entre os centrais do Benfica. Com bola, uma abordagem muito directa, à espera de, numa segunda bola, poder começar a construir já perto da baliza do Benfica. Não foi brilhante mas, em boa verdade, não se podia pedir muito mais. É que este elenco do Rio Ave não é mais forte do que muitos que compõem a Liga Vitalis.
- Perante esta proposta de jogo do Rio Ave, o Benfica foi obrigado a ter bola, tornando a organização ofensiva como o único momento em que era possível desequilíbrar (exceptuando, claro, as bolas paradas). O que se viu foi a continuidade das dificuldades que já havia apontado na pré época à construção encarnada. Sem ideias colectivas que possam embaraçar realmente o adversário, o Benfica foi trocando bola, de flanco para flanco, mas nunca mostrando capacidade para entrar na área e criando perigo, de bola corrida, apenas de meia distância. Nesses primeiros 45 minutos as ocasiões que se viram resultaram do mau controlo que a zona (mais uma!) do Rio Ave conseguia garantir na defesa dos seus pontapés de canto. Carlos Martins, Luisão e Yebda criaram perigo na sequência desse tipo de lances em que o Benfica se mostrou realmente perigoso.
- No segundo tempo uma substituição que deixou claro que a alternativa para Aimar é jogar... à esquerda. 10 minutos sem grandes novidades até ao golo do Rio Ave. Este terá sido, por paradoxal que pareça, até um bom momento para o Benfica. A equipa de Vila do Conde pareceu ficar desconcentrada com a, talvez inesperada, vantagem. Uma desconcentração deu, de imediato, oportunidade a Nuno Gomes para empatar e, a partir daí, o jogo tornou-se mais aberto com o Benfica a ter ascendente. Viu-se um jogo mais flanqueado com muitos cruzamentos e uma equipa mais capaz de chegar com maior facilidade à área contrária, mas faltaram-lhe sempre ideias que, realmente, pudessem provocar um assalto mais sério à vitória. A excepção foi a ocasião de Aimar ao cair do pano.
- A conclusão é, de facto, preocupante. Os campeonatos não se ganham nem perdem na primeira jornada mas o que se viu não é suficiente para se poder sonhar sequer com o título. Colectivamente o Benfica tem muito por onde melhorar e não será, simplesmente, a introdução de 2 ou 3 individualidades que irá solucionar o problema. Nesta equipa do Benfica ficam-me há 2 coisas que me causam alguma impressão. A primeira tem a ver com o meio campo. Com tanto investimento, como é que não se procura uma solução de mais qualidade para o exigente e importante lugar de Yebda? Depois de ter insistido num investimento tão importante em Aimar, o Benfica não tem no seu modelo de jogo a menor preocupação de potenciar as características do jogador (apesar de tudo à esquerda é muito melhor do que avançado). Aliás, esta parece ser (para já) uma característica deste modelo, sem movimentos que tirem o melhor dos seus jogadores.