O mundo já sabia do seu estado mas só agora terá percebido a iminência e gravidade da situação. Bobby Robson, aos 75 anos, reconheceu publicamente que a sua doença cancerígena não tem tido reacção aos tratamentos e que, por isso, os seus dias deverão estar a chegar ao fim.
De todos os treinadores estrangeiros que me recordo ver em Portugal, Robson terá sido aquele que mais valor terá acrescentado ao futebol português. Depois de ter treinado com o sucesso o Ipswich (ganhou uma Taça Uefa), a selecção inglesa (meias finais do Itália 90) e o PSV (2 campeonatos em 2 anos) foi a grande aposta de Sousa Cintra para fazer do Sporting campeão. Aquela que terá sido provavelmente a sua melhor decisão enquanto Presidente do Sporting (que o diga Mourinho) foi depressa transformada num tiro no pé após a famosa derrocada de Salsburgo. Robson sairia pela porta pequena de Alvalade mas rumaria a Norte onde a sua carreira reentraria nos trilhos de um sucesso que naturalmente atingia dadas as suas competências pessoais e profissionais.
Mais do que futebol
Mas não são os sucessos enquanto treinador que mais me impressionam quando me recordo de Robson. Treinadores competentes e bem sucedidos, na história do futebol, conheço muitos, mas com a atitude e postura de “Sir Bobby”, não me lembro de nenhum. A forma como tratou o futebol e o viveu sempre com a naturalidade e alegria de quem está a fazer aquilo que mais gosta é uma inspiração que deve servir a todos, independentemente das profissões ou ocupações que tenham. É por isso que tenho a certeza que a ele custará especialmente esta ideia da iminência de um fim, de um momento que termine com essa experiência para ele tão positiva e boa como terá sido a sua vida.