11.6.08

Portugal - Rep.Checa: Mais do mesmo, se faz favor!

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Depois da Turquia, chega a vez da República Checa, num embate que colocará Portugal entre 2 cenários já vividos em 2000 e 2002. No primeiro caso, poder descansar algumas unidades no derradeiro jogo, no segundo, ter a ingrata missão de ter de conseguir um resultado no último jogo do grupo e perante uma equipa anfitriã.

No rescaldo do jogo com a Turquia, referi que a boa exibição nacional deve ser contextualizada com uma ausência de estratégia específica dos turcos para jogar com Portugal, algo que estou em crer acontecerá sobretudo se Portugal chegar a fases mais adiantadas da prova. Frente aos checos não estou certo que Bruckner possa apresentar algo específico para contrariar o maior potencial português, mas por aquilo que a selecção checa deu a conhecer poderemos ter a certeza de uma oposição diferente da turca.

Rep.Checa: 4-2-3-1, meio campo muito preenchido, mas pouco rotinado
Como antecipei após a experiência de Bruckner frente à Escócia, a Rep.Checa poderia apresentar um sistema diferente do 4-1-3-2 que havia sido responsável por um futebol atractivo em termos ofensivos no passado. A verdade é que as saídas de Nedved, Poborsky e a lesão de Rosicky enfraqueceram de sobremaneira o meio campo que, não só não era capaz de oferecer a mesma vivacidade ofensiva, como passou a tornar-se permeável a transições dos adversários. A solução de Bruckner foi acrescentar um pivot defensivo ao meio campo, retirando o elemento de apoio a Koller. É por aqui que se explica o 4-2-3-1 actual da Rep.Checa, num modelo que deve ser reproduzido frente a Portugal, ainda que possa existir uma ou outra nuance de Bruckner, sobretudo se o treinador assumir que Portugal vai ser o dono do jogo e que será mais aconselhável adoptar uma estratégia que aproveite sobretudo os momentos de transição.

A verdade é que, tanto no último embate de preparação, frente à Escócia, como no jogo com a Suíça, a mecânica do jogo checo revelou-se muito abaixo do exigível, em termos de organização e entrosamento colectivo. Em termos ofensivos a equipa não tira proveito dos imensos apoios que tem no meio campo para a posse de bola, revelando problemas na sua primeira fase de construção e sendo vulnerável a pressão. Outra característica que inibe o jogo ofensivo checo, quando em organização, é a sua pouca apetência para usar os flancos, com Plasil e Sionko (parece-me ser este o mais perigoso dos médios checos) a terem mais tendência para aparecer por dentro. Assim, em termos ofensivos (em bola corrida, entenda-se) o movimento que mais pode preocupar a Selecção nacional é a utilização de Koller como pivot, solicitando depois o aparecimento dos médios no espaço entre linhas. Este movimento pode ser mais perigoso se Moutinho e Deco forem atraídos para zonas muito distantes de Pepe e Carvalho e merece algumas atenções de Scolari, recomendando-se uma atenção aos laterais para não ficarem demasiado abertos.
Em termos defensivos, espera-se que a Rep.Checa possa ser mais forte do que a Turquia quando Portugal atacar em organização. Primeiro pela qualidade individual dos seus jogadores (guarda redes incluído), depois pela maior presença numérica de jogadores checos no meio campo defensivo. Há, no entanto, potencial para aproveitar as tais dificuldades checas em posse de bola, podendo iniciar aí transições perigosas. Para além deste aspecto, os checos revelaram-se pouco agressivos nos duelos individuais, o que explicou alguns desequilíbrios consentidos frente à Suíça. Mais um ponto a explorar...

Portugal: Mesma fórmula: concentração máxima
Depois da exibição frente à Turquia e numa fase precoce (espera-se!) da competição, aconselha-se que o modelo de jogo idealizado se possa consolidar dentro de um onze. Num jogo como aquele frente à Rep.Checa não há qualquer motivo para contrariar essa intenção, não querendo isto dizer, obviamente, que se ignorem ou deixem de estudar pequenas nuances específicas do adversário. De resto, e para além desses tais ajustes, volto a reforçar a ideia da importância decisiva de fazer um jogo de máxima intensidade, tanto em termos de concentração como de ritmo (leia-se gestão de ritmos). Portugal esteve muito bem neste plano frente à Turquia, errando muito pouco e gerindo de forma exemplar os ritmos do jogo. Nova faceta neste plano deverá garantir a qualificação.

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